sábado, 3 de janeiro de 2009

DIAS CINZAS (Samuel Rangel)

Estes dias realmente parecem que vão nos matar, principalmente naqueles momentos que tudo parece dar errado. O carro morreu - antes ele do que eu, a lasanha ficou salgada demais, falta gasolina para ir naquele churrasco da chácara, e quem te liga para oferecer carona é aquele cara ou aquela guria que você simplesmente não agüenta. Então você de súbito começa a procurar as câmeras escondidas, pois você jura que está participando de uma das pegadinhas ridículas do Faustão – que segue a mesma linha. Neste momento um enorme PUTA QUE PARIU começa a crescer em seu peito, e é só acontecer mais uma que você vai largar o “palavraço” (entenda-se como um palavrão de respeito). Mas pela lógica do “só me fodo”, essa oportunidade não aparece, e feito uma gravidez abominável, você fica com a criatura entalada no gogó como se fosse um útero. O dia passa e aquele ser fica chutando em sua garganta. E nada acontece.Quer saber o que fazer nessa hora?Pois é, eu também.Mas enquanto a gente não sabe a resposta, o ideal é rir de si mesmo. Já que o dia quer te fazer de palhaço, ocupe o picadeiro com dignidade. Seja o melhor palhaço do mundo, e faça os outros rirem pela tua enorme capacidade de digerir sua própria tragédia, e transformá-la em uma alegria surpreendente.

A MALDIÇÃO MALDITA DO ISQUEIRO AMALDIÇOADO - por Samuel Rangel

Para relaxar21 de Maio de 2006Ontem, eu que ando fumando feito pai na hora do parto, em um jantar entre amigos, repentinamente dei por falta de meu isqueiro. Agoniado pelo vício e pela sensação de perda, a vontade de fumar aumentou, e um daqueles seres humanos iluminados, solidário com meu sofrimento, ofereceu-me um BIC, muito parecidinho com aquele que me abandonara. Acendi alegre meu infortúnio e voltei a conversa. Já no próximo cigarro, dei por falta novamente do isqueiro, e já era o segundo. Mas para provar que a humanidade tem solução, apareceu-me outro doador e acalmou minha ansiedade dando-me um terceiro isqueiro. Fumei feliz e esperançoso do mundo. Segue o baile gaiteiro, até que aquela maldita vontade de fumar surgisse intrépida e cruel. Puta que Pariu, cadê a porra do isqueiro, que era o terceiro. Me senti muito amado e especial quando a terceira pessoa me deu o quarto isqueiro, até que ele também sumisse. Pensei estar em um encontro de jovens quando ganhei da quarta pessoa o quinto isqueiro, e ao ganhar o sexto, percebi que havia algo errado em minha noite. Vou-me embora, e no caminho de casa fui tomado por sensações de perseguição. Parecia que alguém ia me abordar e roubar o isqueiro que não mais tinha. Tudo isso, em meio aquela vontade de fumar. Para que você mulher tenha noção do tamanho, é como se fosse aquela vontade de comer chocolate no sétimo dia da dieta. Dormi com vontade de chorar. Cadê me isqueiro?Hoje pela manhã, recomposto pelo sono, tomei meu banho e fui vestir minhas roupas. Ao colocar o sobretudo, percebi que ele pendia para um dos lados. Andei mancando até a metade do dia, mas quando o sobretudo engatou na alavanca de pisca do meu carro (que quebrou é lógico), ouvi um barulho que não era de couro. Apalpando o meu amado casaco para saber se ao menos ele se havia preservado, percebi um volume estranho na barra. Tentando descobrir o que era aquele corpo estranho localizei um pequenino orifício no bolso. Investigando mais a fundo, tal qual o parto de sêxtuplos, começaram a nascer isqueiros de todas as cores e marcas. Coma alegria da mãe contemplei sobre a mesa meus lindos "isqueirinhos", e dei por conta de que quando as coisas somem, é por que existem buracos em nossos bolsos. Pode então abandonar aquelas idéias espiritualistas de uma dimensão paralela onde seus isqueiros ficaram saltitando de mãos dadas. Concentre-se em si. É nos seus bolsos que as coisas acontecem. Sugestão. Apenas fio e linha podem nos tirar de uma grande angústia.Um abraço a todos.Observação.: Se você é um dos que me deu isqueiro ontem a noite, pode vir buscar.

História de Fim de Noite (Samuel Rangel)

Mais uma daquelas que só acontecem em bar...Sábado, após uma noite daquelas que a gente tem que ser ao mesmo tempo, caixa, garçom, lavador de copos e músico, quando os ponteiros marcavam quatro horas da madrugada, resolvemos baixar as portas do bar.Porém, como ali ainda havia alguns clientes e amigos, procurando não ser indelicado, eu acabei sentando a mesa.Abrindo uma Skol e começando a relaxar, percebi que a história do final da noite era uma doação de um casal de (Agaporne). Agaporne para quem não sabe é aquele periquitinho bem bonitinho que não tem pescoço e um bico colorido. A proposta de doação era de um amigo meu, para uma amiga minha, que tem uma filha pequenininha que adora passarinhos.Pensei em falar e fiquei quieto. Mais uma Skol e ainda não tive a audácia de falar. Porém, quando a terceira Skol tocou a mesa, um daqueles meus surtos de sinceridade veio a tona: Eu já tive um casal de Agaporne.Os olhos da minha amiga brilharam, e os do meu amigo esbugalharam.Quando ele começava a chacoalhar a cabeça tentando evitar que eu falasse, a verdade era maior do que eu. Saiu.Esse Agaporne é o bicho mais chato do mundo. Da vontade de matar.Comprei um casal uma vez, para que as crianças acompanhassem a reprodução e o desenvolvimento. Meu Deus! Ninguém merece.Em menos de quatro meses foram três crias, sendo 4 ovos por empreitada. Como crescem rápido, e como eles eram bonitinhos, conseguimos dar as duas primeiras crias rapidamente.Quando veio a quarta cria, e eu já pensava como fazer para castrar um periquito, as devoluções das primeiras doações começaram. E mais cria, menos doação, e mais devolução.Certo dia deparei-me com os 17 lazarentos amarelinhos empoleirados aos gritos. Como não havia espaço na gaiola, lá estavam eles, ombro a ombro. E ainda assim gritavam. Gritei: Porra, vocês tão um do lado do outro. Não da pra falar mais baixo? Pra que gritar tanto. Isso sem contar que aquela versão bípede do caramulhão, sempre me entregava de madrugada quando eu chegava em casa .Aliás, esse lance de gritar a toda hora dessa versão de sogra empenada (o Agaporne não passa disso), não é só na hora de entregar o boêmio não. É pior. É o único periquito que começa a gritar as cinco da manhã e para só as nove da noite. E quando falo gritar, é grito mesmo. Não há a menor melodia no ruído dos canalhas.Tanto me deixaram louco, que em um momento onde me vali da excludente supra legal de inexigibilidade de conduta diversa (causa supra legal de exclusão da ilicitude), acabei soltando os dezessete canalhas. Para o meu desespero, eles saíram da gaiola, e quando eu imaginava que eles poderiam pegar carona com o Colhereiros do Rio Grande do Sul, dezesseis deles pousaram sobre o meu muro. Acredite, e não o fizeram em silêncio. Continuaram gritando. E eu ali pensei: Que cagada Samuel. Agora fodeu. Grito, Grito e Grito. Eu os espantava mas eles gritavam mais alto. Tive vontade de comprar uma arma, mas lembrei que não tinha dinheiro e que matar pássaros é crime.Até hoje eles rondam minha casa e ficam gritando nas árvores que a prefeitura não deixa eu cortar.Assim, em 2002 comecei um tratamento psicológico em uma especialista que cura pessoas que tem uma doença chamada Síndrome Maldita e Amaldiçoada da Maldição do Agaporne (SMAMA - no cid110 é o Código 197. f-10. e prevê aposentadoria por invalidez).Após contar a história, a minha amiga desistiu da doação e pediu a conta dela.Meu ex-amigo perguntou se poderia pendurar a conta.Hoje ele me ligou e pediu o número da minha psicóloga.Ao final de tudo, o que se pode entender é que quando a noite chega ao fim, um certo espírito de sinceridade invade o bar, e faz com que coisas como essa aconteçam.Aliás, falando de Orkut, vou fazer uma comunidade "Eu Odeio Agaporne"Um abraço a todos, e passem longe desses animais.

NOITE DE AMOR (Samuel Rangel)

É sábado. Os amigos se reúnem para uma costela e um torneio de truco. Não pude ir, pois meus compromissos com os textos da peça, e o jogo do Coritiba e Ceará, impediam esse vivente de se fazer presente na chácara do amigo.Então, pouco antes do apito que iniciou o jogo, cheguei ao Bar do Ítalo, para ver meu glorioso verdão se virar nos dois a zero contra a equipe do nordeste. Mas valeu muito a pena, apesar das tolices desse e daquele jogador.Ao final do jogo, chacoalho as calças para me retirar do recinto, pois a turma da noite começava a chegar. Não acho que deve enfrentar outra maratona como a de ontem, onde gravando o CD a cerveja havia me acompanhado durante a noite inteira. Então, pelo juízo, vou-me embora para minha casa, pois lá sou amigo do dono, terei em minha cama as cobertas que escolherei.Quando estou ao balcão, chega a turma do churrasco. Meu Deus!!!!!! Parecia uma bandinha entrando no circo. Um mais torrado do que o outro. E antes que eu pudesse parar de rir, me convidaram então a sentar-se à mesa. Era difícil conversar dentre tantas gargalhadas. Quando perguntei quem ganhou o torneio, não souberam me responder. Então vi que o caldo tinha menos galinha do que eu imaginava. Francamente, a coisa foi feia. Nunca havia visto alguns deles em tal condição.Então um deles, após me contar que a maratona havia começado na padaria as oito horas da manhã, diz que vai embora. Como educado, perguntei sobre sua esposa, e ele me disse que estava tudo bem. Perguntei então se ela estava viajando.Essa pergunta foi sim reflexo da experiência que tenho em relação aos meus amigos, pois quando suas esposas viajam, eles ficam mais risonhos, mais soltos, e normalmente, mais embriagados. E ele me disse que ela não havia viajado. Ela estava em casa, esperando.Sem que pudesse segurar, soltei o meu famoso “Meu Deus”.O amigo então questionou o motivo de tal frase. Como a sinceridade me conduz, inclusive nos momentos que eu adoraria que ela me abandonasse, disse a ele: E você vai chegar em casa nesse estado? A noite não vai ser Fácil.Então comecei a rir em conjunto com algumas testemunhas que se dizem meus amigos.Ele então disse: Nada. Vou para a casa e ter uma longa noite de amor.A resposta pareceu saltar da minha boca antes que eu pudesse pensar.Realmente, vai ser uma noite de amor.Sua mulher vai passar a noite dizendo:Amor, pare de roncar!Amor, não mije na geladeira!Amor, eu acho que você exagerou!Amor, teu bafo esta de matar!Amor desista, isso não vai funcionar!Amor, pare de cantar essa música. A letra não é assim!Amor, se você passar a mão na bunda do cachorro mais uma vez eu vou ficar brava!Então, na minha filosofia pequena e despretensiosa, descobri que o tanto de vezes que uma mulher te chama de amor, não significa o quanto ela te ama. As vezes esta mais relacionado ao número de cervejas que você bebeu e a paciência que a sua “Madre Tereza” tem com a sua criatura.As mulheres são complicadas, e isso é bem verdade, mas também não podemos lhes fazer as críticas de costume, pois se elas tivessem alguma razão, não gostariam de homens.Ao ouvir um “Meu Amor”, tente olhar para os olhos dela para saber o que isso significa. Nem sempre quer dizer "Eu te amo".Entendeu? Não?Então leia amanhã quando acordar.

SIM! EU SOU ESTRELINHA E IMPERTINENTE – Mais uma história insólita do bar (Samuel Rangel)

Por mais que pareça inacreditável, acredite! Realmente aconteceu!O Álcool é realmente o maior catalisador do incrível.Amigos são aquelas criaturas que Deus coloca em nossas vidas, para podermos ouvir dos outros, aquilo que nem nossa autocrítica tem coragem de nos dizer. Exatamente por isso, há dois cuidados que devemos ter com os amigos. Um, e o maior, é o cuidado de agirmos de tal forma para não perder esses anjos malvados. O outro, é o cuidado que devemos ter com as perguntas que faremos a eles, pois os amigos nos darão as respostas independentemente de estarmos preparados para ouvi-las como efeito da pergunta.E os amigos são assim. Essas bênçãos.Porém não se culpe se um dia você ouvir do teu amigo a resposta para uma pergunta que não fez. Mal entendidos são comuns para pessoas que convivem bastante.O tema me traz com certo frescor a lembrança em uma das noites que eu estava tocando no Ponto Final. Eu estava substituindo o Riad que havia sido violentamente atacado por um feroz cão da raça Pintier. Lembrei-me do Ronaldo Bacellar como amigo e companheiro de violão, que como ninguém poderia tocar as bossas durante a noite. Comecei a noite e Ronaldo ainda não havia chegado. O bar relativamente vazio.Pessoas foram entrando, até que repentinamente um cidadão com os pés redondos vem cambaleando em direção ao palco. Como cansei de levar pancada de microfone na boca, quando os bêbados esbarravam no pedestal, me afastei um pouco e comecei a cantar um pouco mais alto, protegendo assim a minha integridade bucal.O “pudim de cana” sentou-se logo ali no pé do palco. E ali ficou durante toda a primeira seleção. Quando eu ainda aguardava Ronaldo, apareceu um rapaz que canta muito bem, pedindo-me para dar aquela canja básica. Claro que sim foi a resposta. Tão logo desci do palco Ronaldo chegou e nos cumprimentamos, e pedi licença para ir até o banheiro devolver a cerveja.Ali no banheiro, num daqueles momentos em que o homem não sabe para onde olhar (se olha para baixo é por que está apaixonado pelo próprio instrumento, se olha para os lados é uma "bichona", logo, só resta olhar para cima), concentrei-me no meu serviço, mas fui interrompido com uma entrada do Pudim, que ao abrir a porta, deu-me com o trinco nas costas.Tudo bem, eu pensei. Acontece.Enquanto o Pudim procurava seu “bilau” para remove-lo das calças, percebi que realmente a situação era feia. O cidadão balançava muito, a ponto de quase cair dentro do mictório coletivo (isso eu vi uma vez no Botequim). Então percebi que ele estava mal mesmo, porém, como não tenho menor interesse em ajudar um cara com as coisas para fora da calça, fui lavar as mãos, e como argumento absolutório, pensei que já tinha visto gente em pior estado do que aquele (uma vez um amigo meu pensou que estava com o bilau para fora da calça e acabou mijando para dentro das calças mesmo – e tenho testemunhas, pois pergunta para o Cícero).Enquanto lavava as mãos percebi que o cara começou a girar em movimentos maiores, como se fosse uma vara de bambu em dia de vento forte.Em uma dessas rodadas, puder ver quando o cidadão bateu com a cabeça na parede do banheiro, desmoronando no chão, sem contudo, ter o reflexo de interromper o fluxo urinário ou mesmo de guardar a mangueirinha. Então eu vi o cidadão deitado no chão, urinando para cima sem perceber que o chafariz lhe inundava o próprio peito.Quando vi aquela cena, lembro-me de ter pensado: É Samuel. Só faltava essa mesmo. Acho que isso prova que está na hora de você deixar a noite para lá.O Pudim levantou, e ao levantar, olhou para mim e perguntou se eu era o músico que estava tocando. Respondi que sim. Então ele disparou a frase clássica:- DOGA BAGARAI!Entende que aquilo deveria ser um elogio ao meu desempenho musical, agradeci.Então o Pudim Respondeu:- DA UM ABRAÇO!Quando percebi que ele já vinha na minha direção, coloquei o pé na barriga dele e apenas respondi que abraço eu não queria. Naquele momento o bêbado mudando de cara umas quatro vezes antes, disparou:- NÃO SE PODE ELOGIAR. JÁ VIROU ESTRELINHA.Sai do Banheiro e fui até a mesa do Ronaldo. Quando eu ia contar para ele o que estava acontecendo, percebi que havia alguém se aproximando. Era o pudim. De longe já veio gritando:- E DAÍ, OH ESTRELINHA? VAI ME DAR UM ABRAÇO OU NÃO VAI!Eu apenas respondi que não, mas acho que minha resposta não foi convincente, pois Pudim continuava a insistir no tal abraço.Após um tempo, Ronaldo então interveio em favor do Pudim.- O que está acontecendo Samuel? O que custa cara? O cidadão ali só quer um abraço! Ele é teu fã! Não custa nada!Respondi ao Ronaldo que não iria dar o abraço, e que ele aguardasse, pois não sabia o que estava acontecendo. Mas como Ronaldo é um amigo daqueles cuja convivência faz irmão, ele insistiu, até que realmente ficou irritado comigo:Samuel. Você está impertinente! O que custa dar um abraço no cidadão ali?Naquele momento, irritado com a pressão, disse a Ronaldo que se eu estava impertinente eu simplesmente iria embora.Ronaldo não entendeu muito a situação, mas aceitou minha decisão como um amigo faria, acreditando que eu estava em um daqueles maus momentos em que não adianta conversar.Ao chegar em casa, pensei um pouco no assunto,mas logo dormi.Acordei com Ronaldo ao telefone:- Alô! Samuel? Poxa cara, eu pensei bem e acho que te devo desculpas. Eu chamei você de impertinente ontem.Apenas respondi que estava tudo bem.- É Samuel. E você tinha razão. Aquele cara é que realmente era impertinente.Perguntei a Ronaldo o motivo da mudança de opinião.- Depois que você foi embora, eu subi para cantar. O cara ficou lá puxando meu saco. Quando eu estava indo embora, um dos clientes veio me cumprimentar e me abraçou. Então o Pudim começou a fazer umas gracinhas. Perdi a paciência e mandei o cara embora do bar.Respondi a Ronaldo que ele deveria ter me escutado, perguntando se muita gente tinha testemunhado o desentendimento. Ronaldo respondeu:- Não! Isso foi bem no final da noite. Até então ele estava se comportando bem. Vinha elogiar o jeito que eu tocava.Nessa hora então comecei a rir e apenas perguntei:- Mas você Ronaldo, abraçou ou não abraçou o cara?Ronaldo respondeu que sim.O telefone foi interrompido. Ronaldo ligava e eu não conseguia falar. Após umas três tentativas dele, então contei para o Ronaldo sobre o que havia acontecido no banheiro.Segundo os vizinhos de Ronaldo, viram-no juntando roupas do chão com um cabo de vassoura, e logo após, jogando-as diretamente no lixo do prédio.

MOTOBOY PERDE BÊBADO NO CAMINHO PRA CASA (Samuel Rangel)

Uma empresa de Motoboy será processada pela família de um bêbado desaparecido. Edivancléya Leite Assunção Onófre, esposa do bêbado, disse ter recebido a ligação do marido por volta das 4 horas da madrugada de sábado, informando que estava indo para a casa utilizando o serviço de Motoboy da empresa “É NOIS NA BIKE MANO”! Por volta das cinco horas da manhã, Edivancléya viu a moto estacionar na frente da sua casa, e quando saiu para receber o marido, percebeu que não havia ninguém na garupa. Ao perguntar onde estava o marido, disse que o motoqueiro respondeu: OPA!, e saiu com a moto em alta velocidade, mas ainda assim Edivancléya conseguiu anotar o nome da empresa.“É uma irresponsabilidade”, disse a esposa. “Nós vamos procurar nossos direitos, vamos contratar um Divogado, ajuntar nossos Dicumentos, e entrar com um processo!”, arrematou a suposta viúva irritada.Segundo informações da agência, o Bêbado desapareceu no caminho de casa, da garupa da motocicleta, no bairro Sítio Cercado, e segundo o motoqueiro que foi ouvido pela nossa equipe, ele não tem culpa. “Eu não posso segurar o guidão da moto e o bêbado ao mesmo tempo. Entreguei bem uns cinquenta naquela noite e não tive problema. Exatamente no último é que aconteceu essa tragédia.”Procuramos a empresa de entrega de mamados em virtude da possibilidade de caracterização de uma jornada de trabalho excessiva, mas fomos informados que eles só falarão em juízo. Segundo informações da nossa consultoria jurídica, a obrigação da empresa é de levar o bêbado até a sua casa, porém, segurar-se em cima da moto é obrigação dele mesmo. “Até pedimos aos bêbados que não parem de falar no caminho para que o motoqueiro tenha certeza de que o cidadão está ali.” arrematou o representante da empresa.O Sindicato dos Motoboys manifestou sua revolta contra os comentários sobre a culpa do motoqueiro. “Ou as empresas equipam as motos com um sinto de segurança para bêbado, ou terão que contratar “lulas” para dirigir as motos, pois teríamos que ter vários braços para a execução desse serviço. O representante do sindicato informou que a lula a qual se refere, é o animal mesmo. Indagado qual animal, ele informou ser o marinho. A maior concorrente do mercado já está equipando suas motos com um carrinho de terceiro eixo que vai acoplado na lateral da moto. “O nosso bebum não cai de jeito nenhum”, informou o proprietário usando do slogan da sua empresa, demonstrando bastante felicidade pelas previsões de lucro fácil.Não é certeza que o bêbado tenha caído no percurso ou mesmo tenha descido da moto voluntária e sorrateiramente em algum sinaleiro para não pagar o transporte. Segundo o Chico, ele foi visto na manhã de sábado no bar do Marmota tomando "umas". As autoridades não instauraram o inquérito ainda, pois para configurar o desaparecimento, existe um prazo legal, mas no caso de bêbado, esse prazo nós enxergamos dobrado, disse o delegado.
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Importante:Tudo bem, isso aqui é uma brincadeira. Não aconteceu, ainda, mas pelo rumos que as coisas estão tomando ....Texto inspirado em conversa com a amiga Dani Mickosz quando conversávamos sobre as idéias da Cervejaria Anjos Boêmios sobre a nova Lei de Trânsito. (para acessar o texto, http://cervejariaanjosboemios.blogspot.com/ )

ARTISTAS (Samuel Rangel)

Artistas são mineiros de sentimentos, solitários desbravadores, , que se embrenham pelas minas da alma em busca de pepitas de vida. Quando as encontram, voltam a superfície para mostrar ao mundo o que encontraram.