sábado, 3 de janeiro de 2009

DIAS CINZAS (Samuel Rangel)

Estes dias realmente parecem que vão nos matar, principalmente naqueles momentos que tudo parece dar errado. O carro morreu - antes ele do que eu, a lasanha ficou salgada demais, falta gasolina para ir naquele churrasco da chácara, e quem te liga para oferecer carona é aquele cara ou aquela guria que você simplesmente não agüenta. Então você de súbito começa a procurar as câmeras escondidas, pois você jura que está participando de uma das pegadinhas ridículas do Faustão – que segue a mesma linha. Neste momento um enorme PUTA QUE PARIU começa a crescer em seu peito, e é só acontecer mais uma que você vai largar o “palavraço” (entenda-se como um palavrão de respeito). Mas pela lógica do “só me fodo”, essa oportunidade não aparece, e feito uma gravidez abominável, você fica com a criatura entalada no gogó como se fosse um útero. O dia passa e aquele ser fica chutando em sua garganta. E nada acontece.Quer saber o que fazer nessa hora?Pois é, eu também.Mas enquanto a gente não sabe a resposta, o ideal é rir de si mesmo. Já que o dia quer te fazer de palhaço, ocupe o picadeiro com dignidade. Seja o melhor palhaço do mundo, e faça os outros rirem pela tua enorme capacidade de digerir sua própria tragédia, e transformá-la em uma alegria surpreendente.

A MALDIÇÃO MALDITA DO ISQUEIRO AMALDIÇOADO - por Samuel Rangel

Para relaxar21 de Maio de 2006Ontem, eu que ando fumando feito pai na hora do parto, em um jantar entre amigos, repentinamente dei por falta de meu isqueiro. Agoniado pelo vício e pela sensação de perda, a vontade de fumar aumentou, e um daqueles seres humanos iluminados, solidário com meu sofrimento, ofereceu-me um BIC, muito parecidinho com aquele que me abandonara. Acendi alegre meu infortúnio e voltei a conversa. Já no próximo cigarro, dei por falta novamente do isqueiro, e já era o segundo. Mas para provar que a humanidade tem solução, apareceu-me outro doador e acalmou minha ansiedade dando-me um terceiro isqueiro. Fumei feliz e esperançoso do mundo. Segue o baile gaiteiro, até que aquela maldita vontade de fumar surgisse intrépida e cruel. Puta que Pariu, cadê a porra do isqueiro, que era o terceiro. Me senti muito amado e especial quando a terceira pessoa me deu o quarto isqueiro, até que ele também sumisse. Pensei estar em um encontro de jovens quando ganhei da quarta pessoa o quinto isqueiro, e ao ganhar o sexto, percebi que havia algo errado em minha noite. Vou-me embora, e no caminho de casa fui tomado por sensações de perseguição. Parecia que alguém ia me abordar e roubar o isqueiro que não mais tinha. Tudo isso, em meio aquela vontade de fumar. Para que você mulher tenha noção do tamanho, é como se fosse aquela vontade de comer chocolate no sétimo dia da dieta. Dormi com vontade de chorar. Cadê me isqueiro?Hoje pela manhã, recomposto pelo sono, tomei meu banho e fui vestir minhas roupas. Ao colocar o sobretudo, percebi que ele pendia para um dos lados. Andei mancando até a metade do dia, mas quando o sobretudo engatou na alavanca de pisca do meu carro (que quebrou é lógico), ouvi um barulho que não era de couro. Apalpando o meu amado casaco para saber se ao menos ele se havia preservado, percebi um volume estranho na barra. Tentando descobrir o que era aquele corpo estranho localizei um pequenino orifício no bolso. Investigando mais a fundo, tal qual o parto de sêxtuplos, começaram a nascer isqueiros de todas as cores e marcas. Coma alegria da mãe contemplei sobre a mesa meus lindos "isqueirinhos", e dei por conta de que quando as coisas somem, é por que existem buracos em nossos bolsos. Pode então abandonar aquelas idéias espiritualistas de uma dimensão paralela onde seus isqueiros ficaram saltitando de mãos dadas. Concentre-se em si. É nos seus bolsos que as coisas acontecem. Sugestão. Apenas fio e linha podem nos tirar de uma grande angústia.Um abraço a todos.Observação.: Se você é um dos que me deu isqueiro ontem a noite, pode vir buscar.

História de Fim de Noite (Samuel Rangel)

Mais uma daquelas que só acontecem em bar...Sábado, após uma noite daquelas que a gente tem que ser ao mesmo tempo, caixa, garçom, lavador de copos e músico, quando os ponteiros marcavam quatro horas da madrugada, resolvemos baixar as portas do bar.Porém, como ali ainda havia alguns clientes e amigos, procurando não ser indelicado, eu acabei sentando a mesa.Abrindo uma Skol e começando a relaxar, percebi que a história do final da noite era uma doação de um casal de (Agaporne). Agaporne para quem não sabe é aquele periquitinho bem bonitinho que não tem pescoço e um bico colorido. A proposta de doação era de um amigo meu, para uma amiga minha, que tem uma filha pequenininha que adora passarinhos.Pensei em falar e fiquei quieto. Mais uma Skol e ainda não tive a audácia de falar. Porém, quando a terceira Skol tocou a mesa, um daqueles meus surtos de sinceridade veio a tona: Eu já tive um casal de Agaporne.Os olhos da minha amiga brilharam, e os do meu amigo esbugalharam.Quando ele começava a chacoalhar a cabeça tentando evitar que eu falasse, a verdade era maior do que eu. Saiu.Esse Agaporne é o bicho mais chato do mundo. Da vontade de matar.Comprei um casal uma vez, para que as crianças acompanhassem a reprodução e o desenvolvimento. Meu Deus! Ninguém merece.Em menos de quatro meses foram três crias, sendo 4 ovos por empreitada. Como crescem rápido, e como eles eram bonitinhos, conseguimos dar as duas primeiras crias rapidamente.Quando veio a quarta cria, e eu já pensava como fazer para castrar um periquito, as devoluções das primeiras doações começaram. E mais cria, menos doação, e mais devolução.Certo dia deparei-me com os 17 lazarentos amarelinhos empoleirados aos gritos. Como não havia espaço na gaiola, lá estavam eles, ombro a ombro. E ainda assim gritavam. Gritei: Porra, vocês tão um do lado do outro. Não da pra falar mais baixo? Pra que gritar tanto. Isso sem contar que aquela versão bípede do caramulhão, sempre me entregava de madrugada quando eu chegava em casa .Aliás, esse lance de gritar a toda hora dessa versão de sogra empenada (o Agaporne não passa disso), não é só na hora de entregar o boêmio não. É pior. É o único periquito que começa a gritar as cinco da manhã e para só as nove da noite. E quando falo gritar, é grito mesmo. Não há a menor melodia no ruído dos canalhas.Tanto me deixaram louco, que em um momento onde me vali da excludente supra legal de inexigibilidade de conduta diversa (causa supra legal de exclusão da ilicitude), acabei soltando os dezessete canalhas. Para o meu desespero, eles saíram da gaiola, e quando eu imaginava que eles poderiam pegar carona com o Colhereiros do Rio Grande do Sul, dezesseis deles pousaram sobre o meu muro. Acredite, e não o fizeram em silêncio. Continuaram gritando. E eu ali pensei: Que cagada Samuel. Agora fodeu. Grito, Grito e Grito. Eu os espantava mas eles gritavam mais alto. Tive vontade de comprar uma arma, mas lembrei que não tinha dinheiro e que matar pássaros é crime.Até hoje eles rondam minha casa e ficam gritando nas árvores que a prefeitura não deixa eu cortar.Assim, em 2002 comecei um tratamento psicológico em uma especialista que cura pessoas que tem uma doença chamada Síndrome Maldita e Amaldiçoada da Maldição do Agaporne (SMAMA - no cid110 é o Código 197. f-10. e prevê aposentadoria por invalidez).Após contar a história, a minha amiga desistiu da doação e pediu a conta dela.Meu ex-amigo perguntou se poderia pendurar a conta.Hoje ele me ligou e pediu o número da minha psicóloga.Ao final de tudo, o que se pode entender é que quando a noite chega ao fim, um certo espírito de sinceridade invade o bar, e faz com que coisas como essa aconteçam.Aliás, falando de Orkut, vou fazer uma comunidade "Eu Odeio Agaporne"Um abraço a todos, e passem longe desses animais.

NOITE DE AMOR (Samuel Rangel)

É sábado. Os amigos se reúnem para uma costela e um torneio de truco. Não pude ir, pois meus compromissos com os textos da peça, e o jogo do Coritiba e Ceará, impediam esse vivente de se fazer presente na chácara do amigo.Então, pouco antes do apito que iniciou o jogo, cheguei ao Bar do Ítalo, para ver meu glorioso verdão se virar nos dois a zero contra a equipe do nordeste. Mas valeu muito a pena, apesar das tolices desse e daquele jogador.Ao final do jogo, chacoalho as calças para me retirar do recinto, pois a turma da noite começava a chegar. Não acho que deve enfrentar outra maratona como a de ontem, onde gravando o CD a cerveja havia me acompanhado durante a noite inteira. Então, pelo juízo, vou-me embora para minha casa, pois lá sou amigo do dono, terei em minha cama as cobertas que escolherei.Quando estou ao balcão, chega a turma do churrasco. Meu Deus!!!!!! Parecia uma bandinha entrando no circo. Um mais torrado do que o outro. E antes que eu pudesse parar de rir, me convidaram então a sentar-se à mesa. Era difícil conversar dentre tantas gargalhadas. Quando perguntei quem ganhou o torneio, não souberam me responder. Então vi que o caldo tinha menos galinha do que eu imaginava. Francamente, a coisa foi feia. Nunca havia visto alguns deles em tal condição.Então um deles, após me contar que a maratona havia começado na padaria as oito horas da manhã, diz que vai embora. Como educado, perguntei sobre sua esposa, e ele me disse que estava tudo bem. Perguntei então se ela estava viajando.Essa pergunta foi sim reflexo da experiência que tenho em relação aos meus amigos, pois quando suas esposas viajam, eles ficam mais risonhos, mais soltos, e normalmente, mais embriagados. E ele me disse que ela não havia viajado. Ela estava em casa, esperando.Sem que pudesse segurar, soltei o meu famoso “Meu Deus”.O amigo então questionou o motivo de tal frase. Como a sinceridade me conduz, inclusive nos momentos que eu adoraria que ela me abandonasse, disse a ele: E você vai chegar em casa nesse estado? A noite não vai ser Fácil.Então comecei a rir em conjunto com algumas testemunhas que se dizem meus amigos.Ele então disse: Nada. Vou para a casa e ter uma longa noite de amor.A resposta pareceu saltar da minha boca antes que eu pudesse pensar.Realmente, vai ser uma noite de amor.Sua mulher vai passar a noite dizendo:Amor, pare de roncar!Amor, não mije na geladeira!Amor, eu acho que você exagerou!Amor, teu bafo esta de matar!Amor desista, isso não vai funcionar!Amor, pare de cantar essa música. A letra não é assim!Amor, se você passar a mão na bunda do cachorro mais uma vez eu vou ficar brava!Então, na minha filosofia pequena e despretensiosa, descobri que o tanto de vezes que uma mulher te chama de amor, não significa o quanto ela te ama. As vezes esta mais relacionado ao número de cervejas que você bebeu e a paciência que a sua “Madre Tereza” tem com a sua criatura.As mulheres são complicadas, e isso é bem verdade, mas também não podemos lhes fazer as críticas de costume, pois se elas tivessem alguma razão, não gostariam de homens.Ao ouvir um “Meu Amor”, tente olhar para os olhos dela para saber o que isso significa. Nem sempre quer dizer "Eu te amo".Entendeu? Não?Então leia amanhã quando acordar.

SIM! EU SOU ESTRELINHA E IMPERTINENTE – Mais uma história insólita do bar (Samuel Rangel)

Por mais que pareça inacreditável, acredite! Realmente aconteceu!O Álcool é realmente o maior catalisador do incrível.Amigos são aquelas criaturas que Deus coloca em nossas vidas, para podermos ouvir dos outros, aquilo que nem nossa autocrítica tem coragem de nos dizer. Exatamente por isso, há dois cuidados que devemos ter com os amigos. Um, e o maior, é o cuidado de agirmos de tal forma para não perder esses anjos malvados. O outro, é o cuidado que devemos ter com as perguntas que faremos a eles, pois os amigos nos darão as respostas independentemente de estarmos preparados para ouvi-las como efeito da pergunta.E os amigos são assim. Essas bênçãos.Porém não se culpe se um dia você ouvir do teu amigo a resposta para uma pergunta que não fez. Mal entendidos são comuns para pessoas que convivem bastante.O tema me traz com certo frescor a lembrança em uma das noites que eu estava tocando no Ponto Final. Eu estava substituindo o Riad que havia sido violentamente atacado por um feroz cão da raça Pintier. Lembrei-me do Ronaldo Bacellar como amigo e companheiro de violão, que como ninguém poderia tocar as bossas durante a noite. Comecei a noite e Ronaldo ainda não havia chegado. O bar relativamente vazio.Pessoas foram entrando, até que repentinamente um cidadão com os pés redondos vem cambaleando em direção ao palco. Como cansei de levar pancada de microfone na boca, quando os bêbados esbarravam no pedestal, me afastei um pouco e comecei a cantar um pouco mais alto, protegendo assim a minha integridade bucal.O “pudim de cana” sentou-se logo ali no pé do palco. E ali ficou durante toda a primeira seleção. Quando eu ainda aguardava Ronaldo, apareceu um rapaz que canta muito bem, pedindo-me para dar aquela canja básica. Claro que sim foi a resposta. Tão logo desci do palco Ronaldo chegou e nos cumprimentamos, e pedi licença para ir até o banheiro devolver a cerveja.Ali no banheiro, num daqueles momentos em que o homem não sabe para onde olhar (se olha para baixo é por que está apaixonado pelo próprio instrumento, se olha para os lados é uma "bichona", logo, só resta olhar para cima), concentrei-me no meu serviço, mas fui interrompido com uma entrada do Pudim, que ao abrir a porta, deu-me com o trinco nas costas.Tudo bem, eu pensei. Acontece.Enquanto o Pudim procurava seu “bilau” para remove-lo das calças, percebi que realmente a situação era feia. O cidadão balançava muito, a ponto de quase cair dentro do mictório coletivo (isso eu vi uma vez no Botequim). Então percebi que ele estava mal mesmo, porém, como não tenho menor interesse em ajudar um cara com as coisas para fora da calça, fui lavar as mãos, e como argumento absolutório, pensei que já tinha visto gente em pior estado do que aquele (uma vez um amigo meu pensou que estava com o bilau para fora da calça e acabou mijando para dentro das calças mesmo – e tenho testemunhas, pois pergunta para o Cícero).Enquanto lavava as mãos percebi que o cara começou a girar em movimentos maiores, como se fosse uma vara de bambu em dia de vento forte.Em uma dessas rodadas, puder ver quando o cidadão bateu com a cabeça na parede do banheiro, desmoronando no chão, sem contudo, ter o reflexo de interromper o fluxo urinário ou mesmo de guardar a mangueirinha. Então eu vi o cidadão deitado no chão, urinando para cima sem perceber que o chafariz lhe inundava o próprio peito.Quando vi aquela cena, lembro-me de ter pensado: É Samuel. Só faltava essa mesmo. Acho que isso prova que está na hora de você deixar a noite para lá.O Pudim levantou, e ao levantar, olhou para mim e perguntou se eu era o músico que estava tocando. Respondi que sim. Então ele disparou a frase clássica:- DOGA BAGARAI!Entende que aquilo deveria ser um elogio ao meu desempenho musical, agradeci.Então o Pudim Respondeu:- DA UM ABRAÇO!Quando percebi que ele já vinha na minha direção, coloquei o pé na barriga dele e apenas respondi que abraço eu não queria. Naquele momento o bêbado mudando de cara umas quatro vezes antes, disparou:- NÃO SE PODE ELOGIAR. JÁ VIROU ESTRELINHA.Sai do Banheiro e fui até a mesa do Ronaldo. Quando eu ia contar para ele o que estava acontecendo, percebi que havia alguém se aproximando. Era o pudim. De longe já veio gritando:- E DAÍ, OH ESTRELINHA? VAI ME DAR UM ABRAÇO OU NÃO VAI!Eu apenas respondi que não, mas acho que minha resposta não foi convincente, pois Pudim continuava a insistir no tal abraço.Após um tempo, Ronaldo então interveio em favor do Pudim.- O que está acontecendo Samuel? O que custa cara? O cidadão ali só quer um abraço! Ele é teu fã! Não custa nada!Respondi ao Ronaldo que não iria dar o abraço, e que ele aguardasse, pois não sabia o que estava acontecendo. Mas como Ronaldo é um amigo daqueles cuja convivência faz irmão, ele insistiu, até que realmente ficou irritado comigo:Samuel. Você está impertinente! O que custa dar um abraço no cidadão ali?Naquele momento, irritado com a pressão, disse a Ronaldo que se eu estava impertinente eu simplesmente iria embora.Ronaldo não entendeu muito a situação, mas aceitou minha decisão como um amigo faria, acreditando que eu estava em um daqueles maus momentos em que não adianta conversar.Ao chegar em casa, pensei um pouco no assunto,mas logo dormi.Acordei com Ronaldo ao telefone:- Alô! Samuel? Poxa cara, eu pensei bem e acho que te devo desculpas. Eu chamei você de impertinente ontem.Apenas respondi que estava tudo bem.- É Samuel. E você tinha razão. Aquele cara é que realmente era impertinente.Perguntei a Ronaldo o motivo da mudança de opinião.- Depois que você foi embora, eu subi para cantar. O cara ficou lá puxando meu saco. Quando eu estava indo embora, um dos clientes veio me cumprimentar e me abraçou. Então o Pudim começou a fazer umas gracinhas. Perdi a paciência e mandei o cara embora do bar.Respondi a Ronaldo que ele deveria ter me escutado, perguntando se muita gente tinha testemunhado o desentendimento. Ronaldo respondeu:- Não! Isso foi bem no final da noite. Até então ele estava se comportando bem. Vinha elogiar o jeito que eu tocava.Nessa hora então comecei a rir e apenas perguntei:- Mas você Ronaldo, abraçou ou não abraçou o cara?Ronaldo respondeu que sim.O telefone foi interrompido. Ronaldo ligava e eu não conseguia falar. Após umas três tentativas dele, então contei para o Ronaldo sobre o que havia acontecido no banheiro.Segundo os vizinhos de Ronaldo, viram-no juntando roupas do chão com um cabo de vassoura, e logo após, jogando-as diretamente no lixo do prédio.

MOTOBOY PERDE BÊBADO NO CAMINHO PRA CASA (Samuel Rangel)

Uma empresa de Motoboy será processada pela família de um bêbado desaparecido. Edivancléya Leite Assunção Onófre, esposa do bêbado, disse ter recebido a ligação do marido por volta das 4 horas da madrugada de sábado, informando que estava indo para a casa utilizando o serviço de Motoboy da empresa “É NOIS NA BIKE MANO”! Por volta das cinco horas da manhã, Edivancléya viu a moto estacionar na frente da sua casa, e quando saiu para receber o marido, percebeu que não havia ninguém na garupa. Ao perguntar onde estava o marido, disse que o motoqueiro respondeu: OPA!, e saiu com a moto em alta velocidade, mas ainda assim Edivancléya conseguiu anotar o nome da empresa.“É uma irresponsabilidade”, disse a esposa. “Nós vamos procurar nossos direitos, vamos contratar um Divogado, ajuntar nossos Dicumentos, e entrar com um processo!”, arrematou a suposta viúva irritada.Segundo informações da agência, o Bêbado desapareceu no caminho de casa, da garupa da motocicleta, no bairro Sítio Cercado, e segundo o motoqueiro que foi ouvido pela nossa equipe, ele não tem culpa. “Eu não posso segurar o guidão da moto e o bêbado ao mesmo tempo. Entreguei bem uns cinquenta naquela noite e não tive problema. Exatamente no último é que aconteceu essa tragédia.”Procuramos a empresa de entrega de mamados em virtude da possibilidade de caracterização de uma jornada de trabalho excessiva, mas fomos informados que eles só falarão em juízo. Segundo informações da nossa consultoria jurídica, a obrigação da empresa é de levar o bêbado até a sua casa, porém, segurar-se em cima da moto é obrigação dele mesmo. “Até pedimos aos bêbados que não parem de falar no caminho para que o motoqueiro tenha certeza de que o cidadão está ali.” arrematou o representante da empresa.O Sindicato dos Motoboys manifestou sua revolta contra os comentários sobre a culpa do motoqueiro. “Ou as empresas equipam as motos com um sinto de segurança para bêbado, ou terão que contratar “lulas” para dirigir as motos, pois teríamos que ter vários braços para a execução desse serviço. O representante do sindicato informou que a lula a qual se refere, é o animal mesmo. Indagado qual animal, ele informou ser o marinho. A maior concorrente do mercado já está equipando suas motos com um carrinho de terceiro eixo que vai acoplado na lateral da moto. “O nosso bebum não cai de jeito nenhum”, informou o proprietário usando do slogan da sua empresa, demonstrando bastante felicidade pelas previsões de lucro fácil.Não é certeza que o bêbado tenha caído no percurso ou mesmo tenha descido da moto voluntária e sorrateiramente em algum sinaleiro para não pagar o transporte. Segundo o Chico, ele foi visto na manhã de sábado no bar do Marmota tomando "umas". As autoridades não instauraram o inquérito ainda, pois para configurar o desaparecimento, existe um prazo legal, mas no caso de bêbado, esse prazo nós enxergamos dobrado, disse o delegado.
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Importante:Tudo bem, isso aqui é uma brincadeira. Não aconteceu, ainda, mas pelo rumos que as coisas estão tomando ....Texto inspirado em conversa com a amiga Dani Mickosz quando conversávamos sobre as idéias da Cervejaria Anjos Boêmios sobre a nova Lei de Trânsito. (para acessar o texto, http://cervejariaanjosboemios.blogspot.com/ )

ARTISTAS (Samuel Rangel)

Artistas são mineiros de sentimentos, solitários desbravadores, , que se embrenham pelas minas da alma em busca de pepitas de vida. Quando as encontram, voltam a superfície para mostrar ao mundo o que encontraram.

SÓ PARA MULHERES (Samuel Rangel)

Seu relacionamento não vai bem? Siga essas dicas.
Pois bem.Sabendo que homens e mulheres têm dificuldades de compreender uns aos outros, e como esta rodando pela internet um email que da conselhos para o homem saber agir diante da TPM, aqui vai um conselho para as mulheres salvarem o relacionamento.Seu marido não falou contigo o dia todo?Vá até o mercado e compre uma caixa de cerveja Skol gelada!Ele não fala com você há uma semana?Compre a cerveja e passe na banca e compre a Playboy!Não fala contigo há um mês?Compre a cerveja em dobro, assine a revista e compre o pacote da Brasileirão!Ele falou que quer a separação?Compre 3 caixas de cerveja, assine a revista, compre o brasileirão e diga para ele que ele esta precisando sair com os amigos para arejar a cabeça!Ele esta saindo de casa já?Pergunte para ele quem vai tomar toda essa cerveja, ler a revista, assistir o jogo quando ele não estiver mais em casa!Se isso não der certo, troque o marido, mas sabendo que os problemas continuarão sendo os mesmos.Se os homens são todos iguais, por qual maldito motivo é que as mulheres escolhem tanto?E por que as mulheres escolhem tanto, se quando se casam querem mudar o homem inteiro?E por que querem mudar o homem inteiro para depois dizerem "Você não é mais o mesmo"?E por que acharem um amante se o homem mudou tanto que nem parece mais o seu marido?Bom, se alguém tivesse respostas para essas perguntas, receberia cumulativamente os prêmios Nobel da Paz e da Ciência.Pare e pense...Não exija tanto do seu marido. Você pode estar transformando ele numa fruta.Se ele gosta de ir em Shopping, repara no seu cabelo, baixa a tampa quando sai do banheiro, entende tudo que você fala e respeita sua TPM, elogia seus vestidos, prefere os dramas aos filmes de ação, CUIDADO MULHER!!!!!!! Você já pode estar dividindo o apartamento com uma amiga.Se possível repasse esse e-mail para alguém que precisa de ajuda, e se não tem marido, pode comprar a cerveja para o Samuca aqui mesmo. O brasileirão da Série B também vai bem.

Amigo dos Amigos e das Amigas (Samuel Rangel)

AmigaVocê procura e não encontra o cara?Você ainda sonha com os olhos azuis daquele morenão?Você sente arrepios quando o motorista da sua tia lava o carro sem camisa?Você fica aguardando a sexta em que o jardineiro Tiago Lacerda vai fazer o seu jardim?Você fica doida quando o seu primo bonitinho visita a casa da sua mãe?PARE!!!!!Você está com um problema típico da geração Xuxa.Nem todo mundo é Tiago Lacerda.Nem todo mundo tem barriguinha tipo tanque, pois alguns parecem uma máquina de lavar roupa que nem é uma Brastemp.Abracadabra é um filminho de mer....cado específico para menininhas até 9 anos.Mas não se desespere.Homem perfeito não existe!!!Você sabe que já fizemos inclusive uma música sobre isto. É, e esta no Youtube.Então?O que fazer?Se o mercado está ruim, pega o que dá mesmo.Quanto mais se aproxima o final da feira, mais mole está o tomate.Não deixe para escolher o seu por último.Conforme já dizia o filósofo Samuka: "Mais vale um "feinho" na mão do que dois bonitinhos se beijando".Se homem bonito é remédio, tome o genérico.Parece Ruim?Mas é mais barato e faz o mesmo efeito.Mulheres podem parar de ler.

Homens seguem adiante

































Calculei o número de espaço pelo fato de mulheres não terem tanta paciência. rsss


Ps,: Quero um e-mail de agradecimento de todos os meus amigos. Botei o time de vocês em campo. Não vão amarelar!!!Atitude meu! Liga pra ela!!! Caridades existem!!!!!!!!

GOLPE DE AZAR (Samuel Rangel)

Ok!Vou ter que contar. Continuo tendo aquela habilidade especial de rir de minhas bobagens.Minha mãe esteve internada por um período no Hospital, mas fique tranquilo, pois já está tudo bem. Hoje ela voltou para casa, e como a advocacia me deu tranquilidade hoje, resolvi fazer o almoço, um café gostoso, e fazer aqueles "paparicos" de "marido culpado", apesar de ser só um filho.Fiquei feliz quando ela deitou e começou a relaxar, porém, quando eram 14:25 h ela me chamou, e com aquela feição que quem teve alta hoje, pediu-me para fazer mais um favorzinho.- Claro Véia! Fala aí! Respondi com ar de menino que espera o Natal.Ela então disparou.- leva a Tabinha para tomar banho alí na clínica?Fiquei vermelho, mas não pude dizer não. A razão de minha vergonha é que essa Tabinha é um Bicho Frizê (sei lá se é assim que escreve), com fitinhas nas orelhas e tudo.Para desempenhar a difícil missão, sem comprometer a minha reputação construída ao longo de 39 anos mijando em pé e na tampa, resolvi me disfarçar. Coloquei um óculos escuro do tamanho de uma penteadeira, e para disfarçar os famosos grisalhos, coloquei um chapeu que adquiri na copa, com uma bandeirinha do Brasil na frente.Imaginando jamais ser reconhecido, fui andando pela rua (meu carro esta no concerto - ainda). Cabeça baixa.Chegando lá no Pet, percebo gargalhadas ao meu redor, e eram femininas. Levantando levemente os olhos, percebi que eram belas mulheres. Sorrindo tirei o chapéu e o óculos, meio sem graça, mas símpático.Foi quando o pior aconteceu....Do outro lado da empresa, uma amiga da minha ex-mulher, gritou:SAAAAAAAMMMMMMUUUUUUUUUUEEEEEEEEEEEELLLLLLLLL RRRRAAAAAAAAANNNNNNNNGEEEEEEEEEEELLLLLLLLLLLLLLLLLPuta que París!!!!!Tentando me disfarçar, na frente daquelas belas mulheres acabei passando por uma bicha, com muito mau gosto e ainda desinformada em quase 20 dias (porra cara o Brasil perdeu!!!! Joga fora essa merda de chapéu!!!!!)Mas estou vivo e me recompondo deste momento difícil!!!!Alguém conhece uma psicóloga aí?Ps.: Não seja bonzinho com sua mãe!!!! Você pode pegar fama!!!!Ps.2: Não confunda brincadeira sadia com penteadeira de vadia!!!!!

Aconteceu há muito tempo (Samuel Rangel)

Inacreditável, mas é verdade.Essa aconteceu com os meus amigos L e T.Isso se passou no antigo Aero Anta, mas apesar de tudo, vale apenas contar.L e T, dois solteirões convíctos, parceiros de noites solitárias e que não raramente se davam bem, resolveram ir até o Aero Anta. Lá pelo capricho do destino, encontraram uma bela duplas de morenas, não tão solícitas mas acessíveis.Diante dos predicados daquelas belas garotas, os amigos L e T iniciaram os procedimentos de aproximação, e nesta fase não tiveram qualquer embaraço. Iniciaram conversas bastante agradáveis e que evoluíram de forma melhor do que a esperada. Ótimo. Os garotos estavam indo bem.Convidaram então as meninas para tomar uma sopa no apartamento de L. Receberam a negativa com certa tristeza, mas não desistiram, e lá continuaram bebendo e conversando até o final da noite. Ao final da noite os convites eram mais carinhosos, mas as garotas não aceitaram. Então, esgotada a paciência de L e T percebendo que não se dariam bem naquela noite, resolveram ir embora. Durante a conversa com as meninas, L havia bebido demais, e como manda a ética etílica automobilística, entregou a chave do seu carro (um Pálio Cinza) para T.No imenso estacionamento do Aero Anta, depois de algumas voltas dentre os carros, T conseguiu localizar o automóvel. Meteu a chave, L entrou, T ligou o carro, engatou a primeira, foi soltando lentamente a embreagem quando repentianmente........As garotas com quem falaram a noite inteira vêm correndo na direção do carro: Para ! Para ! Para !L feliz da vida diz a T que pare o carro: - elas mudaram de idéia!!!Uma das duas loucas se agarra na janela do veículo e a outra tenta segurar o parachoque. Para!Para!Para! Ladrão!!!Socoooooooooooooooooooooooooooooorro!!!!Então L diz: pode tocar que elas estão drogadas!Mas diante do fato das garotas não largarem o automóvel, T parou o carro e perguntou qual o motivo daquela atitude.Foi quando as garotas falaram que o carro era delas.Após um bate boca de quase meia hora, quando alguns valentões já pensavam em dar apoio para as pobrezinhas, L percebe um Fiat, Pálio, Cinza, numa diastância de 15 metros. Então resolve olhar a placa do automóvel e percebe o equívoco.Após os esclarecimentos inusitados, meninos e garotas começam a rir sem parar, e percebem a grande coincidência.Como as garagalhadas deixaram todos cansados, resolveram aceitar aquele convite da sopa.O resto corre por conta da sua imaginação!!!!!!!Coincidência? Um abraço a todos.Moral da história: Quando o destino quer beneficiar você ele encontra uma forma. Informação técnica: A Fiat, sabendo do ocorrido, resolveu investir em pesquisa sobre suas chaves e travas nos carros, evoluindo então para a forma atual.Quanto a L e T?Vai ter sorte assim lá na

UM BAR CHAMADO PONTO FINAL - por Samuel Rangel

PONTO FINAL – O BAR

Em 1991, quando idealizamos e realizamos a Quinta no CAHS (uma festa do Curso de Direito da UFPR que acontecia todas as quintas), os alunos mais antigos da faculdade sugeriram que levássemos para cantar um ex-aluno, que formado pela casa havia largado a advocacia para abrir um Bar.Então conheci a pessoa de Riad Bark. Vendo-o tocar naquela festa, percebi que era dono de uma belíssimo voz e de um vasto repertório. Simpático como sempre, convidou-me a dar uma canja em seu bar.Como estava no início do relacionamento com Danielle, entendi que era interessante para fortalecer o namoro, que eu a levasse lá e prestasse minhas homenagens com algumas canções.Foi assim que comecei a frequentar o Ponto Final. Em 1991.E de lá para cá eu e Riad a tudo passamos. Vivemos a perda dos irmãos do Riad, inclusive o simpático companheiro de palco Turquinho, a quem dediquei os meus mais responsáveis cuidados.De cima daquele palco, que resistiu ao tempo até este mês, testemunhamos muito, e não seria errado dizer que a vida nos tirou muito também. Hoje, eu com meus cabelos brancos, e o Riad já quase sem os dele (desculpa aí amigo, mas eu precisava aproveitar a piada), temos muitas histórias entre aquelas paredes verdes.Temos amigos que duram além dos anos. Temos pessoas que nos reconhecem nas ruas e nos mais inusitados lugares. As vezes não sabem nosso nome, mas sabem exatamente o que fazemos.Sabem o que fazemos por que nos viram fazer.E se nos viram fazer, vai aqui meu testemunho em relação ao Riad.Se em algum momento, você meu amigo Turco, sentir cansaço, e houve um canto de sereia te convidando a largar esse teu trabalho, saiba sempre que você não pode nos largar.Foi ali, dentre aquelas paredes, que tantos e tantos namoros começaram, hoje carregando filhos pelas mãos. E não seria errado dizer que os filhos de seus primeiros ouvintes hoje se amontoam as sextas-feiras para ouvir as mesmas músicas que ouviam seus pais. Foi exatamente dentre aquelas paredes de vimos tantas e tantas amizades desafiarem tudo e todos, para hoje fazer do Ponto Final, algo maior do que um bar. O Ponto Final hoje é um universo a parte. Um universo onde se pratica uma música artesanal e de qualidade. Um universo onde jovens de vinte e poucos anos, ouvem e cantam junto a música de Sérgio Bitencourt.Meu amigo Riad, minha amiga Marlene, Morais, Juarez e todos os outros da equipe. Vocês não são apenas donos de um bar como tantos e tantos por aí. Vocês são os anfitriões da dimensão paralela, os comandantes da resistência, os amigos que fazem amigo os amigos dos amigos.Um bar de Julianas e Lucianas, Andréias e Adrianas. E com o perdão pelos nomes que o tempo me roubou, o bar da Drika, do França, da Babi, da Jurema, da Tiana, do Diniz, do Aujor, da Ju Brandão e da Ângela, do Amilton, do Henrique, do Boca, da Luzia, da Ju Bertuzzi e da Vivi, da Ander e do Arthur, do Negretti e do Trói, da Michelle, da Vilmari e da Flávia, do Daniel e da Cláudia, da Fernanda, do Zé Maurício, do Andretta, do Domingos, do Dartagnan, do Ronaldo, do Ítalo ... Um bar de todos nós.Um grande abraçoSamuel RangelPs. E com certeza o Caê achou que eu ia esquecer de fazer esse remendo. Mas ta aqui o registro do cara que tem a voz mais potente do Ponto Final.

UM CONVITE DO PASSADO por Samuel Rangel

E quem não revira velhos textos?Quem não abre cartas antigas?Pois é.Quem sabe por isso, e revirando essas preciosidades, encontrei um "convite" que fiz aos amigos para participarem da gravação do CD Frutos do Bar, da nossa gloriosa Banda The Best Big Beautiful Black Brooklin Brothers Blues Band._____________________________22 de Março de 2006 15:22É HOJE !!!!!!!!!!!!Vamos Tocar um violão!!!!!! Então? Frutos do Bar. Que tal? Vai ficar em casa empilhando os Bancozitos? Vai visitar a sogra? Nada disso.Para chegar lá, acompanhe os passos:1) Vista-se;2) Pegue a p..... da chave do carro (se não tem carro ligue para um amigo, e se não tem amigo .... se mate);3) Chegando no centro de Curitiba localize-se em relação a norte, sul, leste e oeste. Conseguiu? o bar fica na região leste desta p.... de cidade;4) Como isso não é suficiente, procure a rua Augusto Stelfeld (essa é melhor pois é mão única);5) Dirija seu carro não direção do fluxo, e de forma persistente vá até o final da Rua Agustto S.;6) Meu Deus!!! Uma praça? Sim amigo, você está na praça do Hospital Evangélico. Muita calma nessa hora. Se estiver nervoso pegue uma sacola de mercado e respire durante dois minutos dentro dela;7) Continue então seguindo o fluxo, mas na primeira oportunidade vire a direita (direita é aquela da mão que a maior parte escreve - se você for sinistro, ponha a mão que você usa para escrever na orelha e vire na direção da outra orelha);8) Sim! Você verá um sinal, sinaleiro ou semáforo (luminoso quem sabe), e nele você entrará à esquerda. Compreendeu? Se não compreendeu use o modo reverso da instrução número 7;9) Parabéns!!!! Você é profissional. Já chegou a Alameda Princesa Izabel!!!! Então acelere esta coisa que você chama de carro e siga o fluxo. Aprecie o Passeio. Ao seu lado direito surgirá a Igreja dos Passarinhos. Faça o sinal da cruz e continue. Bonito não?10) Após a igreja você verá um sinal. Não faça nada. Siga em frente se o sinal estiver aberto. Esta vendo o declive. Tire as mãos do volante e grite Uh! Uh!;11) Atenção agora, começou o aclive, ponha as mão novamente no volante e veja lá em cima um sinal de trânsito. Chegou nele? Então cruze o sinal e verá um posto;12) Freie esta mer...., Freie. Vamos freie logo. Você chegou. Não viu? Olha a sua direita. Não viu ainda? Então vá visitar sua sogra e empilhar baconzitos;Mande um abraço a ela.Um abraço Ps.: Frutos do Bar é um boteco que vende Frutos do Mar. Entendeu? O horário da música hoje vai das 19 as 23 h.Ok?____________________________Então ...As coisas realmente mudaram. O Frutos do Bar não existe mais, e a rua mudou de mão, mas ao menos se pode entender o bom humor que é a marca registrada daquele CD.Não tem o CD? Entre em contato.Samuel Rangel

AH! ... ESSAS MULHERES MARAVILHOSAS (Samuel Rangel)

Ah! ... essas mulheres maravilhosasora voluntariosas, ora orgulhosasora cheirosas e gostosasora melosas e chorosas,que passeiam em nossos olharesderrubando os vasos de nossa almaarrancando suspiros vulgaresnos levando o ar e a calmaAh! ... essas mulheres dedicadasora engraçadas, ora irritadasora delicadas, ora determinadasora desnudadas e encantadasque se deitam em nosso horizonteconfundindo o céu, a terra e o arsua imagem estampada em minha fronteme impele e obriga a te amar
___x___* E para não fazer de tudo poesia, eu ousaria ...Mas a mulher que resplandecea todo homem ela emudeceo destino há de ouvir a sua precepois há de encontrar o que mereceA mulher deseja um homemque tenha predicadopois todos os defeitos somemsó não pode ser viadoEla deseja a maturidade de um Ansiãocom a ingenuidade de um garotãoA sensibilidade de um cirurgiãocom a pegada forte de um peãoEla deseja a mente de um cientistaem um corpo de halterofilistaAs mãos de um esteticistacom os braços de um maquinistaQue seja sensível e amadoe sacana como um advogadoesteja sempre bem humoradocom um gênio bem invocadoHá de encontrar esse parceiroainda que não seja verdadeiroaos sábados um churrasqueirosó em sua cama um putanheiroCurvar então os homens deverãoperante a mulher e sua perfeiçãoe diante de nossa incorreçãoapenas pedir o sincero perdão

ENTREGANDO O AMIGO (Samuel Rangel)

Não adianta ligar, mandar email, entrar com ação declaratória ou o raio que o parta. Eu não vou contar quem foi o cara, mas que aconteceu e aconteceu. Poupo seu nome até pela sua coragem de ter me contado a história, e os limites éticos bem postos me impedem de revelar o nome do cidadão que confiou em meu silêncio.Apenas peço a ele desculpas, por que disse que não contaria a ninguém, mas essa história é de fundamental importância para que outros atletas do sexo se preservem em tão inusitada situação. E não revelando o nome, é como nem tivesse revelado nada.Um amigo meu, em meio a esta mania de todo mundo ter mais que um celular, imaginando-se em alguma espécie de filme romântico, ao perceber uma bela morena em um Pálio parado no sinal ao seu lado, resolveu atirar seu celular pela janela do carro da garota.Ela sorriu, o sinal abriu e cada um fez seu caminho.Ao chegar no escritório, meu amigo resolveu então ligar para o seu celular.Chamou, chamou, chamou e ninguém atendeu.Passou a tarde tentando, e nada.Ao final do dia, em uma última tentativa ligou novamente, quando para sua surpresa uma voz feminina, mas terrível atende:Ela - Alô.Ele - Oi, sou eu.Ela - Quem?Ele - Sou eu, o rapaz do sinal!Ela - Qual sinal?Ele - O dono do telefone que você está falando.Ela - Ah, achei sim, está comigo aqui.Ele - Como assim?Ela - Estava no lixo da Praça Zacarias, bem pertinho de onde eu tennho meu carrinho de pipoca. Tem gratificação? Pode vir buscar.Conclusão: Não adianta ser só romântico, tem que ser pegável.Um abraço a todosJá falei!!!! Não adianta telefonar que eu não vou contar quem foi.

DOS VELHOS CARNAVAIS (Samuel Rangel)

Ainda lembro do salão erguido em madeira e pintado de azul daquele Clube que freqüentava em minha infância. Lembro-me com nostalgia das boatinhas das noites de domingo, e das primeiras paixões que me fizeram demorar mais ao banho daqueles dias.Mas é com tristeza que lembro das perdidas noites de Carnaval em que girávamos nos salão do clube. É com ímpar clareza que me surge a imagem das jovens meninas caprichosas em suas fantasias de odaliscas, vedetes, colombinas e índias.A cada volta no salão um olhar cruzava entre jovens casais, que por mais que hoje se queira acreditar, não se incomodavam com os pais presentes. E não era difícil que após um determinado número de voltas no salão, o jovem pretendente se sentasse à mesa para ser apresentado aos pais da bela garota.Eram quatro noites de encanto, onde amores começavam e terminavam. Outros amores eram proibidos e remetidos ao ostracismo do “namorar escondido”.Para se ter idéia do encanto único dos bailes de salão, surge-me a lembrança de uma namorada carioca que tive na época, que abandonava o pomposo carnaval do Rio de Janeiro para vir girar comigo nos salões curitibanos.O tempo foi passando, e junto com o tempo, uma revolução cultural surgiu intrépida. Sem uma gota de sangue, mas com muito a perder, valores foram mudando. Então ficou muito mais interessante o provocativo short justo da morena do que a fantasia das mil e uma noites. As almas deixaram de se encantar para que os corpos se tocassem.E como um golpe fatal, surgiu então o Carnaval de Rua das praias. Lembro-me da pompa que envolvia as primeiras passagens da Caiobanda, onde pessoas de maior poder aquisitivo, organizavam blocos finos e cheirosos. Não mais que mil ou duas mil pessoas seguiam o carro elétrico, numa festa bonita e tranqüila. Os salões dos clubes começaram então a fechar, e cada vez mais, o único carnaval aceitável era aquele nas areias de Caioba ou de Guaratuba.Então o cordão de pessoas foi aumentando, tanto e tanto que não se podia mais ter controle sobre o que acontecia por ali. Mas o frenesi era tanto que não se pode vislumbrar o final da história.O tempo passou mais uma vez, poucos anos atrás, o carnaval de rua decretou seu fim em sua própria democracia, quando começou a misturar os foliões com os amantes da algazarra.Lembro-me de ter visto da areia uma vez, a Caiobanda passar tocando músicas batidas que nada tinham de samba, carregando atrás, milhares de pessoas que pareciam mais ser uma revoada de gafanhotos. Quando a banda acabava de passar, árvores no chão, carros depredados e uma quantidade infinita de latas de bebida, revelavam as cinzas do carnaval sentenciado ao fim.O carnaval então estava de mudança para as luxuosas praias de Santa Catarina.O tempo passou novamente, e neste carnaval optei pelo silêncio de minha casa, para admirar os desfiles das escolas de São Paulo e Rio de Janeiro.Enquanto milhares de pessoas se enfileiravam nas estradas das praias paranaenses e catarinenses, percebi a diferença entre o que se passa aqui e lá. Sem querer ofender aos curitibanos, mas até por ser um deles, acho que o problema é nossa incapacidade de agregar valores ao que é nosso.Enquanto nossas três heróicas escolas de samba desfilavam no grupo especial sobre a Avenida Cândido de Abreu, carros alegóricos de mais de cem metros cruzavam o belíssimo sambódromo de São Paulo.E isso não se resume ao carnaval, mas sim a toda a cultura curitibana.Para que o Era Só o que Faltava lotasse às cinco da tarde, Diogo Portugal teve que fazer sucesso antes no Faustão e no Jô Soares. É como se precisássemos do aval das autoridades artísticas (ou não) de São Paulo e Rio de Janeiro, para sabermos se podemos gostar do que é curitibano. Se Ariano Suassuna* é o baluarte da brasilidade cultural, gostaria de propor o resgate da cultura curitibana.Isto tudo por não termos condições de agregar valor ao que é nosso. E se não podemos agregar valor à nossa própria cultura, com certeza coisas como nossos velhos e encantadores carnavais de salão, haverão de nos abandonar. Nós, curitibanos, talvez sejamos exatamente o maior motivo para que curitibanos tenham que enfrentar horas e horas de estrada, para buscar alguma felicidade em algum outro lugar.E se você não concordar, ao menos agregue valor a este assunto. Reflita sobre o assunto e faça de Curitiba algo mais do que um lugar de trabalho.A prova de que isso é possível, veio ontem com o desfile da Escola de Samba Mancha Verde, que homenageou Ariano Suassuna. Como ele mesmo diz, sua mãe é a Paraíba e seu pai é Pernambuco, e ainda Ariano ontem foi recebido como majestade em São Paulo para receber todo o reconhecimento de que é merecedor.Quem sabe um dia nosso filhos possam rodar seguros nos salões de nossos próprios clubes.______________________* Biografia de Ariano SuassunaAriano nasceu em Taperoá, na Paraiba (Parahyba em ortografia arcaica), num dia de Corpus Christi, o que acabou por ocasionar a parada de uma procissão que ocorrera no dia de seu nascimento na frente do palácio do governo do estado. Ariano viveu os primeiros anos de sua vida no Sítio Acauhan (Fazenda Acauã), no sertão do estado da Paraíba.Aos três anos de idade (1930), Ariano passou por um dos momentos mais complicados de sua vida com o assassinato de seu pai, no Rio de Janeiro, por motivos políticos, durante a Revolução de 1930, o que obrigou sua mãe, Cássia Vilar Suassuna, a levar toda a família a morar na cidade de Taperoá, no Cariri paraibano.[1]Ainda em Taperoá, Ariano teve conhecimento da morte do seu pai, que ocorreu dentro da cadeia de eventos que sucederam e estavam ligados à morte de João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, e, como produto destes acontecimentos, sua família precisou fazer várias peregrinações para diferentes cidades, a fim de fugir das represálias dos grupos políticos opositores ao seu falecido pai.De 1933 a 1937, Ariano residiu em Taperoá, onde "fez seus primeiros estudos e assistiu pela primeira vez a uma peça de mamulengos e a um desafio de viola, cujo caráter de “improvisação” seria uma das marcas registradas também da sua produção teatral."[2]EstudosEm 1942, ainda criança, Ariano Suassuna muda-se para cidade de Recife, no vizinho estado de Pernambuco, onde passou a residir definitivamente. Estudou o antigo ensino ginasial no renomado Colégio Americano Batista, e o antigo colégial (ensino médio), no tradicionalíssimo Ginásio Pernambucano e, posteriormente, no Colégio Oswaldo Cruz. Posteriormente, Ariano Suassuna concluiu seu estudo superior em Direito (1950) e em Filosofia (1964)De formação calvinista e posteriormente agnóstico, converteu-se ao catolicismo, o que viria a marcar definitivamente a sua obra[3].Ariano Suassuna estreou seus dons literários precocemente no dia 7 de outubro de 1945, quando o seu poema Noturno foi publicado em destaque no Jornal do Commercio do Recife.Advocacia e teatroNa Faculdade de Direito, conheceu Hermilo Borba Filho, com quem fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Em 1947, escreveu sua primeira peça, Uma mulher vestida de Sol. Em 1948, sua peça Cantam as harpas de Sião (ou O desertor de Princesa) foi montada pelo Teatro do Estudante de Pernambuco. Seguiram-se Auto de João da Cruz, de 1950, que recebeu o Prêmio Martins Pena, o aclamado Auto da Compadecida, de 1955, O Santo e a Porca - O Casamento Suspeitoso, de 1957, A Pena e a Lei, de 1959, A Farsa da Boa Preguiça, de 1960, e A Caseira e a Catarina, de 1961.Entre 1951 e 1952, volta a Taperoá, para curar-se de uma doença pulmonar. Lá escreveu e montou Torturas de um coração. Em seguida, retorna a Recife, onde, até 1956, dedica-se à advocacia e ao teatro.Em 1955, Auto da Compadecida o projetou em todo o país. Em 1962, o crítico teatral Sábato Magaldi diria que a peça é "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro". Sua obra mais conhecida, já foi montada exaustivamente por grupos de todo o país, além de ter sido adaptada para a televisão e para o cinema.Em 1956, afasta-se da advocacia e se torna professor de Estética da Universidade Federal de Pernambuco, onde se aposentaria em 1994. Em 1976, defende sua tese de livre-docência, intitulada "A Onça castanha e a Ilha Brasil: uma reflexão sobre a cultura brasileira".Movimento ArmorialPara maiores informações acesse o artigo completo sobre o Movimento Armorial.Ariano foi o idealizador do Movimento Armorial, que tem como objetivo criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste Brasileiro. Tal movimento procura orientar para esse fim todas as formas de expressões artísticas: música, dança, literatura, artes plásticas, teatro, cinema, arquitetura, entre outras expressões.Obras de Ariano Suassuna já foram traduzidas para inglês, francês, espanhol, alemão, holandês, italiano e polonês.[4]Em 1993, foi eleito para a cadeira 18 da Academia Pernambucana de Letras, cujo patrono é o escritor Afonso Olindense.Academia Brasileira de LetrasDesde 1990, Ariano ocupa a cadeira número 32 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é Manuel José de Araújo Porto Alegre, o Barão de Santo Ângelo, (1806-1879).Precedido porGenolino AmadoCadeira 32 da Academia Brasileira de Letras1990 - presenteSucedido por—Algumas de suas obrasTeatroUma mulher vestida de Sol, (1947);Cantam as harpas de Sião ou O desertor de Princesa, (1948);Os homens de barro, (1949);Auto de João da Cruz, (1950);Torturas de um coração, (1951);O arco desolado, (1952);O castigo da soberba, (1953);O Rico Avarento, (1954)Auto da Compadecida, (1955);O casamento suspeitoso, (1957);O santo e a porca, (1957);O homem da vaca e o poder da fortuna, (1958);A pena e a lei, (1959);Farsa da boa preguiça, (1960);A caseira e a Catarina, (1962);As conchambranças de Quaderna, (1987);Fernando e Isaura, (1956)"inédito ate 1994";RomanceA História de amor de Fernando e Isaura, (1956)O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, (1971).História d'O Rei Degolado nas caatingas do sertão/Ao sol da Onça Caetana, (1976).PoesiaO pasto incendiado, (1945-1970)Ode, (1955)Sonetos com mote alheio, (1980)Sonetos de Albano Cervonegro, (1985)Poemas (antologia), (1999)

O DIA DOS NAMORADOS, E A NOITE DOS SOLTEIROS (Samuel Rangel)

No Botteghino. Era véspera do Dia dos Namorados do ano passado. Após tocar algumas músicas no piano, sentei-me à mesa junto de algumas amigas. Percebi que havia uma certa tristeza preocupada no ar, como se fosse um desconforto de roupa justa, de sapato apertado.Já com o copo de cerveja na mesa, comecei a ouvir o assunto que dominava a conversa das meninas, todas belíssimas aliás. O clima pesado não vinha do bar, mas sim da data. Como havia tocado algumas músicas mais envolventes no piano, uma delas havia disparado a frase catalisadora do velório moral que se instalava naquela mesa de bar: “O Dia dos Namorados está aí, e eu estou sozinha”.Naquele momento, pensando como dono de bar, tive a intenção de resolver o clima, criando uma espécie de “Grupo de Entre Ajuda de Solteiros”, ou um “Solteiros Anônimos”, ou mesmo quem sabe, o “Congresso dos Pega Ninguém”.Então me coloquei a pensar e falar sobre essa cobrança silenciosa e cruel da sociedade, de que existem dois tipos de pessoas: O primeiro é o das pessoas “felizes que namoram”, e o Segundo é dos “infelizes que não namoram”.Pois bem. Se é assim, às favas com essa cobrança.A verdade é que tem muita gente namorando e é infeliz demais, ao passo que tem consumidor de porção única de supermercado que está mais tranqüilo do que o Bill Gates.Esse Dia dos Namorados, criado pelo comércio para atender aos interesses dos comerciantes no mês que está distante do Natal, não é, não pode ser, e jamais será o dia mais romântico de um casal.Além do que, estar solteiro neste dia, acarreta em vantagens enormes para os solteiros de plantão. Algumas?Considerando que toda traição começa com um relacionamento, você é um dos poucos que tem cem porcento de certeza de que não é corno. Falta o elemento humano para você ostentar um belo par de chifres;Considerando que o namorado, ou a namorada, espera uma “lembrancinha”, do ponto de vista financeiro, ser solteiro é dinheiro em caixa no dia 12 de junho;Considerando que você tem dinheiro em caixa, use esse dinheiro para se tratar bem. Se é mulher, gaste no salão o valor daquela jaqueta que você ia dar para ele. Se você é homem, imagine a quantidade de cerveja que será totalmente sua. Se você toma um Black, dessa vez você pode pedir aquele do rótulo azul, ou mesmo um dourado;Você não será um dos 318 casais na fila daquele restaurante japonês, naquela noite em que até o macarrão vem cru.Você não terá que trocar o restaurante japonês, pela pizzaria e a pizzaria pelo Au Au, para ver se mata a fome.E depois de comer aquele Au Au para não desmaiar de fome, após quatro horas de inferno que você passou para tentar chegar ao paraíso, você se encaminha para o motel. Quando você encosta o carro, descobre que seu Golzinho Mil é o décimo sétimo na Fila. Na porta do Motel, um anúncio informa à fila de afoitos (tempo estimado de espera, não estimado – pois aquele último casal já passou pela portaria se pegando).Então você resolve ir no Verde Batel. O Verde Batel da Manoel Ribas, está com a fila chegando em Santa Felicidade. O tempo está jogando contra. Já passa da uma da manhã, o sushi está pronto para ser dispensado, e você nada.Então o rostinho da sua companhia começa a mudar.Se você é homem, provavelmente ela vai deixar escapar o descontentamento com uma frase do tipo (podia ter pensado nisso antes), e se é mulher vai ouvir o romance acabar quando o cara revelar o plano B (meus amigos estão no Camaleão assistindo a final do Vale Tudo no Japão. Vamos lá?)A noite acabou, pois dois bicudos que não se beijam, vão acabar indo para a casa sem nenhum romance.Agora volto a perguntar: Tem certeza que quer uma companhia para o dia dos namorados?
Estar solteiro no dia 12 de junho, é como qualquer outra coisa na vida. Tem seu lado ruim, mas tem suas vantagens também. Apenas pense que quem deve decidir o dia de estar só, ou o dia de estar acompanhado, quem deve decidir é você, e não o comércio. Quem deve decidir seus compromissos para uma noite, é você, e não a campanha publicitária daquele shopping, pois sinceramente, tanto o cara que aparece na propaganda, quanto a menina de olhos apaixonados, são bem mais bonitos que eu, que você e que a maioria das pessoas comuns. Além do que, eles estão maquiados.Então, vamos ressuscitar a célebre frase que uma vez, embriagado, eu usei lá no Ponto Final: Ninguém é ninguém sem ninguém!Se você é solteiro, use o dia 12 de junho para você, e se você tiver vontade, encontramo-nos no Ice Beer Hot Bar para dar boas risadas de tudo isso, e quem sabe criar o “Grupo de Entre Ajuda de Solteiros”, ou um “Solteiros Anônimos”, ou mesmo um “Congresso dos Pega Ninguém”.
Ps.: Acabei de lembrar mais uma vantagem. Quando estamos solteiros, uma pizza brotinho é suficiente. E a vantagem maior é que podemos escolher os dois sabores. Não somos obrigado a pegar um pedaço de quatro queijos misturada com aquela pizza de Giló com Chocolate que a sua namorada tanto adora.

LULA, O BÊBADO E O BOÊMIO (Samuel Rangel)


Neste país onde confundem inocente com bandido, banqueiro com inocente. Onde o craque confunde travesti com mulher de programa, e o Presidente vive confuso, temos uma valiosa colaboração. Após anos de estudo como autodidata, num esforço profundo, algumas diferenças se tornaram claras. Não podemos confundir um bêbado, com um boêmio ou com um presidente.Primeiro vamos falar do boêmio. Nesses meus vinte e poucos anos de boemia, de tanto fazer laboratório e de tanto observar a noite e os bares, desenvolvi a capacidade de diferenciar algumas coisas. E acredite que, para o boêmio, é fundamental que saiba diferenciar as coisas, caso contrário, você pode levar um susto ao acordar na casa daquela loiraça.Sim. Aprender a diferenciar as coisas é fundamental para o “botequeiro”. Primeiro por que a noite não é para as crianças nem para os incautos. Ele precisa saber encontrar um bar onde possa realmente relaxar tomando uma boa cerveja, pois alguns botecos, sempre recebem a visita de algum fortão de humor curto, que pode acabar invocando com a sua gargalhada.O boêmios têm que saber diferenciar a bebida também. É sabido que cada bebida reage de forma diferente em cada indivíduo. Exemplo disso é o Whisky que sempre me deixou burro e nervoso. Cá entre nós, não é uma condição muito favorável à uma noite agradável. Adaptei-me então a boa e velha cerveja, que me deixa burro e com sono. Mas da mesma forma que existe whisky falso, capaz de desenvolver uma dor de cabeça do tipo gravidez indesejada, também cada cerveja tem uma característica e uma reação. Tem aquela que é razoável, mas no dia seguinte a porção de batatas fritas tem a mesma reação que uma feijoada. Também tem aquela que nem gelada. Tem a cerveja que esvazia bar. Tem aquela que quando fabricam pensam que é vinho francês. E lá está o boêmio diferenciando e escolhendo tudo, dentro de suas capacidades financeiras. Absinto? Só louco toma esse negócio azul. Aliás acho que o patriarca da família Simpson deve ter tomando um porre daquilo.Mas o boêmio também tem que aprender a distinguir pessoas. Não raras vezes nos sentamos em um banquinho vazio no balcão, ao lado daquela gostosa. Após se apresentar, em não mais que cinco minutos, descobrimos o motivo daquela banqueta privilegiada estar vazia. Ninguém merece. Também temos que distinguir a mulher em relação à perspectiva que ela nos passa. Existe a mulher garantia de sucesso, a mulher possível, a mulher difícil, e a improvável. O boêmios tem que se concentrar nas possibilidades e, levando em conta o que pretende para a noite, decidir e dedicar-se a uma dessas possibilidades.Mas o fundamental é que o boêmios saiba diferenciar o boteco, de sua casa e de seu emprego. Se não aprender isso, provavelmente não resistirá na noite, pois acabará tratando o garçom como seu chefe, a mulher como garçom e o chefe como sua mulher. Isso criará problemas inomináveis para o boêmio. Ele estará deixando de ser boêmio para tornar-se um bêbado.Então é fato. Boêmios são antenas ligadas que estão o tempo todo a observar, diferenciar e se adaptar ao meio onde estão, agindo, interagindo ou se isolando de acordo com o ambiente.Nessa história de aprender a diferenciar, entre os meus goles de cerveja, observei e diferenciei cinco tipo de bêbados clássicos. O Filósofo, o Chato, o Chorão, o Brigão e o Catatônico.O Filósofo é aquele dono de devaneios incríveis, e é capaz de te conduzir a horas de reflexões e idéias, mas normalmente, ele anda acompanhado dos Catatônicos, que ficam ali, imóveis e indiferentes a tanta filosofia. Normalmente quem reage ao filósofo é o Chato, que não pode ver alguém falando para logo ir se apresentando e perguntando qual é o tema da conversa. Exatamente por isso, quando o chato entra na conversa, não levará mais que alguns minutos para que o Brigão venha tirar satisfação do motivo de tanto riso. E quando a primeira bifa cantar na orelha do chato, desce do lustre o chorão, emotivo, pregando a paz mundial, e lembrando de suas 27 ex-mulheres, dando conselhos de todo o tipo.Exatamente por conhecer bêbados, e por muitas vezes estar entre eles, acho que devemos desfazer um equívoco muito comum hoje. Lula não é bêbado. Vejamos as diferenças:Bêbado bebe no bar e não em casa, pois a mulher não deixa ele beber nem na churrasqueira. Quem bebe em casa é Inconveniente mesmo. Um infeliz que não é bem recebido em nenhum boteco.Bêbado não bebe com a mulher, pois nem a própria mulher aguenta beber com o bêbado. Além do que, ninguém lembra onde mora no final da noite. Quem bebe com a sua própria mulher, é papagaio de coleira mesmo.Bêbado não fode com ninguém, pois normalmente ele é o primeiro a se foder. Quem fode com todo mundo não é bêbado, é sacana mesmo (não vamos falar da mãe de ninguém).Bêbado não tem segurança, pois o segurança é do bar, e normalmente não estão lá para proteger o bêbado. Pelo contrário. Normalmente é o primeiro a sentar uns sopapos no bêbado. Quem tem segurança é por que, ou fez cagada, ou está fazendo, ou vai fazer.Bêbado não tem motorista, pois prefere gastar a grana em cana mesmo. Quem tem motorista é por que não sabe dirigir porra nenhuma.Bêbado não tem assessor, pois quem assessora o bêbado ou é o garçom quando serve, ou é o segurança quando o conduz para fora do bar, ou a polícia quando o conduz para a delegacia, ou a mulher em casa na ida para o chuveiro. Quem tem assessor é aquele que não consegue se virar sozinho mesmo.Bêbado não leva a mulher em recepção de autoridade, pois a mulher não quer ir passar vergonha. Quem leva mulher em recepção é fresco mesmo.Bêbado não tem puxa-saco, pois ninguém bate palmas quando o cara faz cagada. Podem até rir dele, mas bater palmas não. Quem tem puxa-saco batendo palmas quando faz cagada é político mesmo.Bêbado não pega o que é dos outros, pois mal pode cuidar do seu próprio copo, do seu isqueiro bick, e de seu fiofó. Quem pega o que é dos outros é ladrão mesmo.Bêbado não dirige Brasília, pois com a Lei Seca, até bêbado sabe que vai se ferrar na mão da Polícia. Quem dirige Brasília, mesmo após ter bebido, é ignorante mesmo.Por último, dizem que o último orifício do sistema digestivo do bêbado não tem dono, e isso basta para provar que o Lula não é bêbado. Na realidade não e no dele que está ardendo essa sacanagem toda.No mais ....

OK. UMA SALVA DE PALMAS PARA A LEI SECA (Samuel Rangel)

Tudo bem. Eu me rendo. A Lei Seca surtiu bons efeitos. Não só pela lei, mas pela fiscalização rigorosa que a Polícia tem exercido, bem como, pela parceria com os meios de comunicação que estão sempre registrando os flagrantes das prisões.E já que não se pode questionar, o negócio é curtir o resultado.O Jornal Hoje da rede Globo veiculou uma matéria onde foram registrados dois flagrantes de motoristas bêbados. Um deles, ao ser perguntado se havia bebido, respondeu apenas:“Bibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibibi!” (Se ainda não viu, acesse o vídeo aqui
http://www.youtube.com/watch?v=pB_VERTIKIg )
E lamentavelmente a matéria acabou. Quando vi aquilo, percebi que aquele era um bêbado de verdade. O outro, informava que só bebeu porque mora logo ali. O logo ali era nada mais nada menos que 10 km do local onde acertou um muro. Lógico que não me escapa ao juízo a certeza de que isso poderia ter sido uma tragédia, mas graças à Deus, e acho que a uma força grande de Santo Onófre, o que poderia ser uma tragédia se reservou no âmbito da comédia. E confesso que me diverti muito vendo a eloqüência destes verdadeiros pudins de cana.Aliás, eu que ando tão satisfeito com a atuação de Cleiton Amorim na interpretação do bêbado Pudim, da peça Analice em Busca do Homem Perfeito, acabo tendo uma nova referência em relação aos cachaceiros. Se não soubesse que eram bêbados de fato, qualquer um deles acabaria por roubar o papel desse que considero um dos grandes atores paranaenses, e que tenho orgulho de tê-lo no elenco de algumas peças de nossa companhia.Até procurei o vídeo na internet para poder dividir com os leitores, mas não consegui achar, pois acho que qualquer um dos dois tem material apto a colocar até o famoso Jeremias em segundo lugar. A verdade é que quando as notícias vão chegando, vou cada vez mais concordando que a Lei Seca faz sentido.Tanto é verdade, que um grupo de bebuns que andava se reunindo em um tradicional bar de Curitiba, fez um minucioso mapa de roteiros alternativos para escapar das “blitz”.E você deve estar achando os caras geniais. Só que como todo e qualquer bêbado, são geniais até o copo X, mas quando bebem o Y, ninguém merece.A verdade é que os “gênios do mal” ou da logística ébria que criaram o roteiro alternativo, acharam-se tão inteligentes que publicaram na internet o mapa desse roteiro, demonstrando claramente a benevolência e o altruísmo desses ébrios.E é lógico que ganharam adeptos de imediato, inclusive o comandante de operações do BPTran, que agradece antecipadamente as próximas prisões que serão realizadas nas próximas noites.Parabéns “pudinzada”. Vocês são geniais!Agora tenho que registrar. Procurando os vídeos na internet dessas prisões na internet, acabei me deparando com alguns momentos de absoluta insanidade ao volante.Sem preconceitos, e apenas a título de diversão, indico o vídeo no endereço abaixo.Um grande abraço a todos.

http://www.youtube.com/watch?v=hIuprWXwTVk&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=hIuprWXwTVk

O MÚSICO E O GINECOLOGISTA AMADOR (Samuel Rangel)

Se fosse para traçar um paralelo com a Profissão de "Músico de Boteco", seria com certeza algo parecido com Ginecologista Amador. Trabalha aonde os outros se divertem, mas é por amor mesmo.
Postado por Samuel Ricardo Rangel Silveira às 08:36

O BAR DO LAXIXA, O CÃO FEROZ, E O DIA EM QUE TIVE VERGONHA DE ACERTAR


Aos quatorze anos, com não mais que cinco pelos no queixo, eu era sócio do Clube Cefet. Digo que era sócio do Centro Federal de Educação Tecnológica, em função de que eu passava mais tempo nas atividades esportivas e no clube do xadrez, do que em sala de aula. As salas de aula do Cefet na época tinham uma cor que a cromoterapia jamais aconselharia. Também é justo dizer que não entendo o real motivo de ter me embrenhando em meio aos transistores e resistências do curso de eletrônica, mas é justo registrar que havia meninas maravilhosas naquela escola. Exemplo maior era Isaura, de cabelos negros cacheados e olhos azuis. Por onde andará Isaura? Casada com certeza, divorciada talvez.
Mas como todo menino ansioso, de que me adiantaria ser sócio de tão belo clube e não participar de Natação (a primeira vez que entrei em uma piscina térmica), Voleibol (eu era uma espécie de líbero, mas como não existia isso na época, eu era um boleiro dentro da quadra), Basquete (aqui sim joguei alguma coisa e cheguei a treinar pelo Cefet) e Handebol (que cheguei a treinar pelo Cefet também, esporte para o qual realmente eu tinha jeito, apesar de que jeito no handebol é o que menos conta).
Com essa maratona diária de atividades esportivas, eu chegava em casa normalmente por volta das vinte e três horas, descendo do ônibus Vicente Machado, na esquina do açougue Primor. Naquela época, o bigorrilho não era um bairro iluminado, mas não havia assaltantes suficientes para dar início a um processo estatístico.
Lembro-me que certa oportunidade, Laxixa, o dono de um bar que ficava colado com o açougue e o mercadinho do Seu Freitas, havia adotado um cachorro, porém, ao fechar o bar, Laxixa colocava um caixote de madeira para fora com algumas folhas de jornal. Ali dormia o cão de guarda do bar.
Eu fui notificado da adoção da pior forma possível. Ao descer do ônibus, tão logo virei a esquina, lá estava o encorpado cachorro com os dentes a mostra. E eram dentes grandes e assustadores, cuja lembrança só me deixou em paz, ao fazer terapia no Canil da Polícia do Exército do Quartel General, apenas cinco anos mais tarde.
Quando percebi a fera com os dentes mirando minha altura média, percebi que era hora de correr. E corri mesmo. Um esportista, com 75 kg de músculo, correndo como velocista de um guapeca adotado de bar, mas com dentes bem convincentes. Absorvi a idéia de tanto reviver a situação. Lá estava o cão, lá estavam os dentes, e lá estava o Samuel correndo com um cão, digo, mais que um cão. Todas as noites, meu nada amistoso treinador me esperava na esquina para me aplicar o último condicionamento físico do dia.
Numa dessas noites, o cão que era extremamente inteligente, mas nem tanto, resolveu esperar o garotão mais próximo da esquina, realizando a primeira tocaia canina que tive conhecimento na vida. Ao virar a esquerda rente a parede, não tive tempo de reagir. Quando vi, lá estava a besta com os dentes cravados na minha canela. Consegui que o bichinho largasse o osso ao aplicar uma bela malada na orelha, com a mala do Cefet que tinha um transformadorzinho 12V/110V.
Acreditei que aquilo era suficiente.
Ao chegar em casa, e constatar os estragos da mordida, resolvi ocultar o ocorrido de meus pais. Antigamente, as vacinas anti-rábicas eram aplicadas bem no meio do umbigo. Sensação que eu não gostaria de reviver. Na farmácia do seu Américo, nas proximidades da Igreja dos Passarinhos, fiz o curativo e me virei sozinho. Ao menos a altura da mordida não havia danificado a calça de brim cinza, nem furado o meu sapato mocassim.
Naquela mesma noite, ao descer do ônibus, senti latejar a mordida no tornozelo, e resolvi passar mais longe da parede. Foi o primeiro ponto que fiz no jogo de cão e cagão com o cachorro. Ele estava me esperando colado na parede, mas ao ver que passei longe, avançou e eu corri sem dar a ele mais uma porção de canela para o jantar.
Nas noites seguintes, resolvi descer um ponto antes, para não me deparar com a perigosa besta, mas após andar duas quadras a mais durante uma semana, percebi que a ferida da mordida não ia cicatrizando bem. Voltei ao Seu Américo, que me disse que eu deveria evitar andar muito, ao que aplicou um antisséptico e mandou-me seguir a vida.
Já fazia mais de um mês que o animal me dedicava uma perseguição irracional. Fiquei revoltado, e fui conversar com o Laxixa sobre o devorador de estudantes que matinha à sua porta. Fui em marcha acelerada, lembrando o que hoje se chama de “um consumidor ciente de seus direitos”. Vou chegar lá e mandar o Laxixa dar um sumiço nesse cachorro, pensava eu.
Após três quadras de marcha acelerada, quando avisto o bar, vejo o devorador de canelas deitado a frente do bar. Lá estava o animal, que ao me ver a cerca de vinte metros, arreganhou os dentes e partiu em minha direção. E lá estava eu correndo novamente. Já não bastava os corridões noturnos que eu levava todos os dias, agora a anta tinha que fugir do cachorro de dia também?
Tentei por mais algumas vezes, porém, quando percebia o cão na frente do bar, eu desviava e seguia para o CEFET. Eu sabia que o cão não poderia montar guarda para sempre. Um belo dia, ao ver o bar, percebi a caixa vazia. Essa é a oportunidade. Eu havia me tornado um estrategista, e por isso eu venceria o cão irracional. Ao entrar no bar, fui direto ao Laxixa e mostrei-lhe a canela, dizendo que havia sido o seu cão que tinha executado tão belo serviço. Laxixa riu, e disse estranhar aquilo. Segundo Laxixa, o cão passava o tempo todo ali e não havia atacado nunca ninguém. Enquanto eu insistia na acusação, o cão lazarento entra no bar, com a cauda pitoca chacoalhando, e vai até Laxixa, que prontamente tira algo da compota e joga para o guapeca.
Pronto. Ali estava um cachorrinho angelical, balançando a caudinha cortada para o dono do bar. O interessante é que aquela gracinha, tinha exatamente as mesmas característica do cão que tentava me devorar pelas canelas todas as noites. Então Laxixa abaixa, dá uma coçada naquela cabeçorra quadrada, e diz: Não morda ele urso, ele é amigo! Ele é amigo! Aquele indecente do cão fez cara de que entendeu o recado, e até fiquei tranquilo, pois na frente de Laxixa eu dei uma coçadela nas costas do amigável cãozinho.
Ao descer do ônibus a noite, eu pensava que tudo havia sido resolvido, mas lá estava o cão novamente de tocaia, e a conversa civilizada que havíamos tido durante o dia, era cessar fogo entre árabes e israelenses. Foi só a ONU virar as costas e a guerra havia recomeçado. Em função daquilo, pensei em desenvolver um relacionamento amigável com o cão. Noites depois, na saída do CEFET, tive a idéia de comprar um pão. Antes de chegar na esquina, joguei o pão e o cão foi logo abocanhar. Enquanto ele comia, fui conversando com ele para tentar um relacionamento estável com o animal. Ao engolir o pão, o cão não havia percebido que eu tinha o jogado. E lá estava eu correndo pela enésima vez do feroz animal.
Mas isso não poderia durar para sempre. Definitivamente não. Não bastasse o estresse que eu tinha no CEFET, ainda tinha que me submeter aos ataques insanos daquela besta.
Uma colega minha de ônibus da Vicente, Amarilda, havia testemunhado alguns ataques pessoais do animal contra mim. Solidária ela me deu a solução do problema. Ela mesmo havia sido atacada pelo cão meses antes, mas apenas se abaixou, pegou um pedra no chão e atirou no cachorro. E ela registrou ainda que não era necessário acertar no animal. Era só jogar a pedra e o respeito se instalaria magicamente. Em função daquela estratégia, havia um acordo de paz entre ela e a fera. Eles tinham encontrado um ponto de equilíbrio no difícil relacionamento homem e animal.
Naquela noite, transtornado com a situação, quando desci do ônibus, decidi colocar um ponto final. Como o cão sempre estava de tocaia, eu não tinha certeza de que poderia pegar uma pedra já com o ataque em andamento. Então adiantei o expediente. Havia um pedra no chão que prontamente juntei sem fazer qualquer escolha. Passei a mala para a mão esquerda e segurei a pedra com a direita junto ao corpo. Afastei-me cerca de sete metros da parede que o cão usava de cobertura e andei na direção do embate. Ao alcançar o ângulo de visão do cão, ele saltou contra mim. Em uma reação pronta e rápida, atirei a pedra na direção do cão, e quando vi, lá estava ele estendido no chão logo após um ganido estridente. Resolvi acelerar o passo sem parar para esperar o cão acordar. Eu havia solucionado o problema e pronto.
Na manhã seguinte, ao passar pelo bar do Laxixa, vi uma aglomeração junto a caixa onde ficava o cão. Ao aproximar, percebi que o bolinho de pessoas olhava para o cão gravemente ferido, ao passo que um deles, dizia que aquilo havia sido atropelamento. Algum Opala 250 S, Maverick ou Galaxie, havia passado por cima do pobre animal que agonizava.
Ao me aproximar e compor o bolinho, o cão levanta os olhos para mim, e tenta sair correndo ao mesmo tempo que chora. Todos olham com estranheza, mas não causo nenhuma suspeita. A esposa do Laxixa olha para mim e diz: Ele está assutado. Foi atropelado esta noite. Peguei o rumo do ponto de ônibus com a certeza de que o cão não sobreviveria, o que mais tarde veio a se confirmar.
Quando Amarilda soube da morte do cão, veio me indagar sobre o ocorrido. No primeiro momento neguei, mas ao ser tranqüilizado por ela, lembrando que o cão era um peste, acabei confirmando a autoria do canicídio. E ela perguntou como eu havia conseguido matar um cão com uma só pedrada. Nem eu sabia a resposta, mas na conversa mais tranquila de quem pega o ônibus em paz, acabei percebendo a falta de sorte do cão.
Primeiro, o cão não tinha nada que ter se feito de santo para o Laxixa, ao mesmo tempo que o Laxixa não poderia fechar os olhos para a situação. Posteriormente vim a saber que eu havia sido uma espécie de vingador misterioso do bairro. O animal havia colecionado canelas durante um bom tempo.
Segundo, o cão poderia ter aceitado aquele pedaço de pão como uma proposta de trégua, ou mesmo pedágio.
Mas a real falta de sorte do cão, é que a primeira pedra que me apareceu na frente naquela oportunidade, era um dos históricos paralelepípedos da Vicente Machado ( não se fazem mais paralelepípedos como antigamente).
O segundo fator real que influiu no seu infortúnio previsível, foi de que eu treinava Handebol desde os meus onze anos, no Colégio Rio Branco, e tinha uma pontaria invejável, associada a um arremesso bastante forte, que havia entortado alguns dedos de colegas de esporte.
Por último, e o mais grave, é que alguém com o esfincter contraído, não pensa muito. Embora eu tivesse lembrado dos conselhos de Amarilda ao juntar a pedra, eu não consegui lembrar que não era para acertar o infeliz dentuço. Em um ato reflexo, o animal já era.
Senti muita vergonha de ter cometido aquele ato durante muito tempo, mas de certa forma, isso me facilitou muito o aprendizado do que era uma Causa Supra-legal de Excludente de Antijuridicidade, como fator decisivo na absolvição de um acusado. Eu já havia vivido uma Inexigibilidade de Conduta Diversa.
Estou ciente de que a situação permite várias críticas, e surge a imagem de minha amiga Lu, como protetora dos animais, furiosa e com o dedo jogando bilhar com a bola do meu nariz, mas embora eu tenha vergonha de ter agido certo (apenas certo demais), gostaria de invocar outras causas para afastar de mim qualquer condenação. Eu era menor de idade, e já se passaram 25 anos deste fato. O bar do Laxixa não existe mais, e o lapso temporal faz com que a pretensão punitiva tenha sido atingida já pela prescrição.

O BAR DO LAXIXA, O CÃO FEROZ, E O DIA EM QUE TIVE VERGONHA DE ACERTAR


Aos quatorze anos, com não mais que cinco pelos no queixo, eu era sócio do Clube Cefet. Digo que era sócio do Centro Federal de Educação Tecnológica, em função de que eu passava mais tempo nas atividades esportivas e no clube do xadrez, do que em sala de aula. As salas de aula do Cefet na época tinham uma cor que a cromoterapia jamais aconselharia. Também é justo dizer que não entendo o real motivo de ter me embrenhando em meio aos transistores e resistências do curso de eletrônica, mas é justo registrar que havia meninas maravilhosas naquela escola. Exemplo maior era Isaura, de cabelos negros cacheados e olhos azuis. Por onde andará Isaura? Casada com certeza, divorciada talvez.
Mas como todo menino ansioso, de que me adiantaria ser sócio de tão belo clube e não participar de Natação (a primeira vez que entrei em uma piscina térmica), Voleibol (eu era uma espécie de líbero, mas como não existia isso na época, eu era um boleiro dentro da quadra), Basquete (aqui sim joguei alguma coisa e cheguei a treinar pelo Cefet) e Handebol (que cheguei a treinar pelo Cefet também, esporte para o qual realmente eu tinha jeito, apesar de que jeito no handebol é o que menos conta).
Com essa maratona diária de atividades esportivas, eu chegava em casa normalmente por volta das vinte e três horas, descendo do ônibus Vicente Machado, na esquina do açougue Primor. Naquela época, o bigorrilho não era um bairro iluminado, mas não havia assaltantes suficientes para dar início a um processo estatístico.
Lembro-me que certa oportunidade, Laxixa, o dono de um bar que ficava colado com o açougue e o mercadinho do Seu Freitas, havia adotado um cachorro, porém, ao fechar o bar, Laxixa colocava um caixote de madeira para fora com algumas folhas de jornal. Ali dormia o cão de guarda do bar.
Eu fui notificado da adoção da pior forma possível. Ao descer do ônibus, tão logo virei a esquina, lá estava o encorpado cachorro com os dentes a mostra. E eram dentes grandes e assustadores, cuja lembrança só me deixou em paz, ao fazer terapia no Canil da Polícia do Exército do Quartel General, apenas cinco anos mais tarde.
Quando percebi a fera com os dentes mirando minha altura média, percebi que era hora de correr. E corri mesmo. Um esportista, com 75 kg de músculo, correndo como velocista de um guapeca adotado de bar, mas com dentes bem convincentes. Absorvi a idéia de tanto reviver a situação. Lá estava o cão, lá estavam os dentes, e lá estava o Samuel correndo com um cão, digo, mais que um cão. Todas as noites, meu nada amistoso treinador me esperava na esquina para me aplicar o último condicionamento físico do dia.
Numa dessas noites, o cão que era extremamente inteligente, mas nem tanto, resolveu esperar o garotão mais próximo da esquina, realizando a primeira tocaia canina que tive conhecimento na vida. Ao virar a esquerda rente a parede, não tive tempo de reagir. Quando vi, lá estava a besta com os dentes cravados na minha canela. Consegui que o bichinho largasse o osso ao aplicar uma bela malada na orelha, com a mala do Cefet que tinha um transformadorzinho 12V/110V.
Acreditei que aquilo era suficiente.
Ao chegar em casa, e constatar os estragos da mordida, resolvi ocultar o ocorrido de meus pais. Antigamente, as vacinas anti-rábicas eram aplicadas bem no meio do umbigo. Sensação que eu não gostaria de reviver. Na farmácia do seu Américo, nas proximidades da Igreja dos Passarinhos, fiz o curativo e me virei sozinho. Ao menos a altura da mordida não havia danificado a calça de brim cinza, nem furado o meu sapato mocassim.
Naquela mesma noite, ao descer do ônibus, senti latejar a mordida no tornozelo, e resolvi passar mais longe da parede. Foi o primeiro ponto que fiz no jogo de cão e cagão com o cachorro. Ele estava me esperando colado na parede, mas ao ver que passei longe, avançou e eu corri sem dar a ele mais uma porção de canela para o jantar.
Nas noites seguintes, resolvi descer um ponto antes, para não me deparar com a perigosa besta, mas após andar duas quadras a mais durante uma semana, percebi que a ferida da mordida não ia cicatrizando bem. Voltei ao Seu Américo, que me disse que eu deveria evitar andar muito, ao que aplicou um antisséptico e mandou-me seguir a vida.
Já fazia mais de um mês que o animal me dedicava uma perseguição irracional. Fiquei revoltado, e fui conversar com o Laxixa sobre o devorador de estudantes que matinha à sua porta. Fui em marcha acelerada, lembrando o que hoje se chama de “um consumidor ciente de seus direitos”. Vou chegar lá e mandar o Laxixa dar um sumiço nesse cachorro, pensava eu.
Após três quadras de marcha acelerada, quando avisto o bar, vejo o devorador de canelas deitado a frente do bar. Lá estava o animal, que ao me ver a cerca de vinte metros, arreganhou os dentes e partiu em minha direção. E lá estava eu correndo novamente. Já não bastava os corridões noturnos que eu levava todos os dias, agora a anta tinha que fugir do cachorro de dia também?
Tentei por mais algumas vezes, porém, quando percebia o cão na frente do bar, eu desviava e seguia para o CEFET. Eu sabia que o cão não poderia montar guarda para sempre. Um belo dia, ao ver o bar, percebi a caixa vazia. Essa é a oportunidade. Eu havia me tornado um estrategista, e por isso eu venceria o cão irracional. Ao entrar no bar, fui direto ao Laxixa e mostrei-lhe a canela, dizendo que havia sido o seu cão que tinha executado tão belo serviço. Laxixa riu, e disse estranhar aquilo. Segundo Laxixa, o cão passava o tempo todo ali e não havia atacado nunca ninguém. Enquanto eu insistia na acusação, o cão lazarento entra no bar, com a cauda pitoca chacoalhando, e vai até Laxixa, que prontamente tira algo da compota e joga para o guapeca.
Pronto. Ali estava um cachorrinho angelical, balançando a caudinha cortada para o dono do bar. O interessante é que aquela gracinha, tinha exatamente as mesmas característica do cão que tentava me devorar pelas canelas todas as noites. Então Laxixa abaixa, dá uma coçada naquela cabeçorra quadrada, e diz: Não morda ele urso, ele é amigo! Ele é amigo! Aquele indecente do cão fez cara de que entendeu o recado, e até fiquei tranquilo, pois na frente de Laxixa eu dei uma coçadela nas costas do amigável cãozinho.
Ao descer do ônibus a noite, eu pensava que tudo havia sido resolvido, mas lá estava o cão novamente de tocaia, e a conversa civilizada que havíamos tido durante o dia, era cessar fogo entre árabes e israelenses. Foi só a ONU virar as costas e a guerra havia recomeçado. Em função daquilo, pensei em desenvolver um relacionamento amigável com o cão. Noites depois, na saída do CEFET, tive a idéia de comprar um pão. Antes de chegar na esquina, joguei o pão e o cão foi logo abocanhar. Enquanto ele comia, fui conversando com ele para tentar um relacionamento estável com o animal. Ao engolir o pão, o cão não havia percebido que eu tinha o jogado. E lá estava eu correndo pela enésima vez do feroz animal.
Mas isso não poderia durar para sempre. Definitivamente não. Não bastasse o estresse que eu tinha no CEFET, ainda tinha que me submeter aos ataques insanos daquela besta.
Uma colega minha de ônibus da Vicente, Amarilda, havia testemunhado alguns ataques pessoais do animal contra mim. Solidária ela me deu a solução do problema. Ela mesmo havia sido atacada pelo cão meses antes, mas apenas se abaixou, pegou um pedra no chão e atirou no cachorro. E ela registrou ainda que não era necessário acertar no animal. Era só jogar a pedra e o respeito se instalaria magicamente. Em função daquela estratégia, havia um acordo de paz entre ela e a fera. Eles tinham encontrado um ponto de equilíbrio no difícil relacionamento homem e animal.
Naquela noite, transtornado com a situação, quando desci do ônibus, decidi colocar um ponto final. Como o cão sempre estava de tocaia, eu não tinha certeza de que poderia pegar uma pedra já com o ataque em andamento. Então adiantei o expediente. Havia um pedra no chão que prontamente juntei sem fazer qualquer escolha. Passei a mala para a mão esquerda e segurei a pedra com a direita junto ao corpo. Afastei-me cerca de sete metros da parede que o cão usava de cobertura e andei na direção do embate. Ao alcançar o ângulo de visão do cão, ele saltou contra mim. Em uma reação pronta e rápida, atirei a pedra na direção do cão, e quando vi, lá estava ele estendido no chão logo após um ganido estridente. Resolvi acelerar o passo sem parar para esperar o cão acordar. Eu havia solucionado o problema e pronto.
Na manhã seguinte, ao passar pelo bar do Laxixa, vi uma aglomeração junto a caixa onde ficava o cão. Ao aproximar, percebi que o bolinho de pessoas olhava para o cão gravemente ferido, ao passo que um deles, dizia que aquilo havia sido atropelamento. Algum Opala 250 S, Maverick ou Galaxie, havia passado por cima do pobre animal que agonizava.
Ao me aproximar e compor o bolinho, o cão levanta os olhos para mim, e tenta sair correndo ao mesmo tempo que chora. Todos olham com estranheza, mas não causo nenhuma suspeita. A esposa do Laxixa olha para mim e diz: Ele está assutado. Foi atropelado esta noite. Peguei o rumo do ponto de ônibus com a certeza de que o cão não sobreviveria, o que mais tarde veio a se confirmar.
Quando Amarilda soube da morte do cão, veio me indagar sobre o ocorrido. No primeiro momento neguei, mas ao ser tranqüilizado por ela, lembrando que o cão era um peste, acabei confirmando a autoria do canicídio. E ela perguntou como eu havia conseguido matar um cão com uma só pedrada. Nem eu sabia a resposta, mas na conversa mais tranquila de quem pega o ônibus em paz, acabei percebendo a falta de sorte do cão.
Primeiro, o cão não tinha nada que ter se feito de santo para o Laxixa, ao mesmo tempo que o Laxixa não poderia fechar os olhos para a situação. Posteriormente vim a saber que eu havia sido uma espécie de vingador misterioso do bairro. O animal havia colecionado canelas durante um bom tempo.
Segundo, o cão poderia ter aceitado aquele pedaço de pão como uma proposta de trégua, ou mesmo pedágio.
Mas a real falta de sorte do cão, é que a primeira pedra que me apareceu na frente naquela oportunidade, era um dos históricos paralelepípedos da Vicente Machado ( não se fazem mais paralelepípedos como antigamente).
O segundo fator real que influiu no seu infortúnio previsível, foi de que eu treinava Handebol desde os meus onze anos, no Colégio Rio Branco, e tinha uma pontaria invejável, associada a um arremesso bastante forte, que havia entortado alguns dedos de colegas de esporte.
Por último, e o mais grave, é que alguém com o esfincter contraído, não pensa muito. Embora eu tivesse lembrado dos conselhos de Amarilda ao juntar a pedra, eu não consegui lembrar que não era para acertar o infeliz dentuço. Em um ato reflexo, o animal já era.
Senti muita vergonha de ter cometido aquele ato durante muito tempo, mas de certa forma, isso me facilitou muito o aprendizado do que era uma Causa Supra-legal de Excludente de Antijuridicidade, como fator decisivo na absolvição de um acusado. Eu já havia vivido uma Inexigibilidade de Conduta Diversa.
Estou ciente de que a situação permite várias críticas, e surge a imagem de minha amiga Lu, como protetora dos animais, furiosa e com o dedo jogando bilhar com a bola do meu nariz, mas embora eu tenha vergonha de ter agido certo (apenas certo demais), gostaria de invocar outras causas para afastar de mim qualquer condenação. Eu era menor de idade, e já se passaram 25 anos deste fato. O bar do Laxixa não existe mais, e o lapso temporal faz com que a pretensão punitiva tenha sido atingida já pela prescrição.

ESSES HOMENS, AQUELE COCKER, E A BOLINHA. (Samuel Rangel)

Ontem, na Cervejaria Anjos Boêmios, mais do que a música ou qualquer outra coisa, era noite de filosofia de boteco. De certa forma, como idealizador da primeira Olimpíada de Boteco, essas noites não me espantam, a ponto até de me cantarolar suavemente a idéia de incluir na Olimpíada de Boteco alguma modalidade de cunho intelectual e etílico. Prometo que vou pensar nisso..Mas a verdade é que, após uma seleção de Osvaldo Montenegro e algumas músicas de Zé Ramalho, percebi uma coleção de meninas com olhos tristonhos, como se suspirassem internamente lembranças de amores idos, e de decepções que ainda ardem nas unhas roídas pela ansiedade. E lá estavam elas, como se desaconselhassem o repertório que escolhi para uma quinta-feira curitibana. Tentando me desvencilhar desses vacilos que os que são do palco comentem, pensei em mudar o repertório. Não adiantou. Percebi que a felicidade não é lá um Gol mil que cada família possa ter ao menos um na garagem..Então coloco o violão no saco, e ponho o microfone em off. Vamos conversar. Como quem dá a palavra em uma reunião de condomínio, a conversa vem em turbilhões, com dois falando ao mesmo tempo, e mais três com os apartes jogados contra teses sobre relacionamentos e as dificuldades encontradas nos dias atuais..Como é de se esperar, e sempre, sem a menor esperança de ver mudar, homens num canto e mulheres no outro sobem ao ringue do campeonato da culpa, e trocam ferpas que sempre conduzem ao mesmo final. Os homens não prestam e as mulheres não são confiáveis..Tentei apartar a luta uma vez, duas, três, e com o dedo de um aluno de primário implorando pela atenção da Tia Ruthe, consegui após muito tempo dar minha opinião: Não creio que o problema seja dos homens ou das mulheres. Eu creio que o problema esteja nas pessoas sejam elas do sexo que for..Deu certo. Os ânimos antes acirrados agora, molham os argumentos com uma Itaipava bem geladinha. Pronto. Por puro interesse comercial quem sabe, coloquei ordem no meu boteco e trouxe a paz entre os sexos..Após isso, alguém falou do comportamento de certos homens, e nesse sentido, não pude deixar de conceder total razão..Seria mentira dizer que nós homens, não deixamos as vezes nos levar pelos instintos, ao nos deparar com pernas longas, com um belo colo, com curvas pensadas e arquitetadas por um acaso feliz. E quando nos deparamos com essas beldades, o lado racional que normalmente é o predominante, acaba por se embrulhar em saias e blusas que nos fazem tolos..Mas a descrição fornecida por uma das pessoas da mesa, acabou se tornando o catalisador deste texto, obrigando-me a dividir com o leitor essa hilária tese, e as soluções encontradas por um grupo de filósofos de botecos..A comparação é simples. Alguns homens, quando se deixam levar pelo desejo sexual, acabam se tornando algo extremamente semelhante aquela raça de cachorro: O Cocker. Essas coisinhas peludas com cara de triste, quando encontram uma perna cheirosa, perdem totalmente a noção. Trançando as patinhas em torno do objeto do desejo, lá ficam as criaturas chatas e desagradáveis, em um subindo e descendo no ritmo de seu desejo..Alguns homens quando abordam as mulheres, realmente perdem a noção por completo. Como aquele cidadão que ao perguntar o nome da menina não consegue ser claro. E a menina pensa: Ele quer saber o meu nome ou o nome dos meus seios? Um olhar direcionado indiscretamente para os dotes da menina, naturais ou não (e isso já não faz mais diferença pra muita gente), impedem o cidadão de dedicar-se à portadora dos seios, e impede esta de levar a sério a criatura cocker que está pronta para pular em sua perna em plena balada. Se ela não tomar uma atitude rápida, lá estará o marmanjo subindo e descendo nas pernas da menina que já prevê o vexame em plena boate..Por si só, já parece extremamente engraçada a imagem de um evento desta natureza em um bar, testemunhado por uma multidão de mulheres, pois a maioria dos homens estaria lá procurando a sua perna ainda..Mas para o meu espanto, a comparação final é que trouxe a graça jamais pensada por mim. Já que o comportamento de tantos homens é como o do cocker, então que as mulheres se munam de bolinhas de tênis, ou de meias mesmo (se forem de meias finas ainda podem despertar mais desejo no animalzinho)..E assim funciona o repelente. A partir do momento que a mulher se encontra em plena investida do cocker bípede de poucos pelos, ela pega a bolinha e joga longe. Lá vai a criatura escorregando as patinhas em disparada carreira atrás da bolinha. Consegue imaginar a cena? Pronto. Elas estão livres das criaturas irracionais? Não. A criatura pega a bolinha e sempre volta. Então é hora de lançar o objeto mais longe ainda. E mais longe, e mais longe, e mais longe, até que, quando você despachar a bolinha pelo Fedex para algum lugar da Sibéria, quem sabe o cocker pare de correr atrás..É lógico que existem diferenças, e algumas bolinhas não podem ser lançadas a mais de 30 cm. Principalmente com um poodle velho e com problemas cardíacos. Saber usar a bolinha realmente faz parte de toda a ciência do desejo..Mas também é certo que haverá aquelas que dispensarão a bolinha por adorar o pequeno cão em suas pernas.

POR QUAL RAZÃO ELES NÃO SE ENCONTRAM (Samuel Rangel)

Tocando neste e naquele bar, e sentando-se ao final da noite para tomar a ”saideira”, fiz um bom punhado de amigos e amigas. Lógico que também agreguei à minha vida um número ainda maior de colegas de copo. Colegas de copo são aqueles companheiros agradáveis para uma mesa de bar, porém, a amizade não adentra a questões pessoais, e visitas à churrasqueira se resumem as festas de aniversário. Não são piores que os amigos, mas apenas têm outras prioridades, e nem por isso, deixam de ser presenças agradáveis.Porém, hoje dedico este texto aos amigos e amigas. Estes que me confidenciam ao final da noite suas aspirações e anseios. Estes que dividem os seus sonhos e comungam os problemas para realizar estes projetos.Muitos amigos e amigas, tentam encontrar uma companhia para sua vida amorosa, e relatam verdadeiras tragédias insólitas nessas busca. Uma amiga ficou enjoada ao descobrir que o seu pretenso namorado, fazia as unhas e shopping e adorava arrastar sacolas de marca. Outro amigo meu achou estranho que sua namoradinha não faltava a um jogo de futebol no Couto Pereira, e que as quartas desmarcava compromissos para assistir o Futebol na Globo. Mas a maior parte de relatos, se resume a um enorme e rotundo “NINGUÉM QUER NADA COM NADA”.Nestas conversas, surgiu-me então uma dúvida. Por que estes meus amigos e amigas não se encontram. Imaginei estar falhando na minha vida social, pois poderia apresentar esses românticos. Porém, pensei bem. Apresentar pessoas em bar é um risco desaconselhável, pois com relacionamentos tendendo a não dar certo, você acabará perdendo ou o amigo, ou a amiga. Mas se der certo, você acabará tendo que arrumar uma grana extra daqui algum tempo, pois vai virar padrinho do casal lá no altar da Santa Teresinha. Como não estou em condições, pelo “a” ou pelo “b”, melhor não me meter nisso.Apenas resta-me a dúvida: Por qual razão essas pessoas românticas não se encontram?Na minha cabeça aparece uma lista de motivos.1) O primeiro deles é que, tanto homens quanto mulheres, estão extremamente inseguros. Ser romântico hoje é brega. E por isso se escondem atrás de uma postura do tipo “não estou nem aí”.2) O segundo motivo, e acho que Analice, a personagem da peça sofre disso, é que não da certo procurar um relacionamento em bar. Ele pode até acontecer, mas será naturalmente fora do bar. Quando as pessoas se encontram no bar, acabam confundindo o processo de conhecimento, com um processo de consumo. Analice vai contar essa história no dia 05 de abril.3) O terceiro motivo é o Querer Frouxo, pois hoje em dia, se relacionar virou negócio. Você olha a pessoa na vitrine, vê todas as qualidades e vê o preço. Então decide levar. Mas tal qual a calça com a costura torta na bunda, no primeiro desconforto você corre para a loja devolver o material.4) O quarto, quem sabe um dos mais graves, é que as pessoas não tem mais tempo para amar. Com cursos de pós, mestrado, doutora, pós-doutorado e mais uma infinidade de cursos que permitem a você usar um certo título, namorados não buscam mais as meninas na faculdade. No “negócio da vida”, amar ficou muito caro e pouco positivo na vida profissional.5) O quinto motivo é exógeno mesmo. Eles não se encontram por que o destino não quer. Ou as vezes simplesmente o destino deseja um encontro diferente. Quem sabe aquela menina que deu com o pára-choque daquela F250 no estacionamento do mercado, bem no meio da porta do golzinho mil que você tem, seja exatamente a mulher da sua vida. Mas como você estava desfilando um largo vernáculo de palavrões, e lamentando o arranhão na porta daquela porcaria de carro que você tem, você não conseguiu ver atrás daquela barbeira, uma linda mulher e uma ótima pessoa.Acho que é só, mas também acho que Analice em Busca do Homem Perfeito, acaba sendo além de uma comédia que se passa em um bar, ela acaba tendo um caráter educativo.